Estou terminando 2013 sentindo-me magoada e tentando reter o
pouco de brilho que me restou, cansada que me sinto com a mesmice que ainda me
cerca, com as ingratidões que surgem sempre de uma aparente surpresa, mas que
na realidade sempre foi clara e bem explícita, pelas grosserias que o sistema
através das pessoas traz a cada instante e que somos testemunhas oculares,
sejam em família, nos redutos de trabalho ou diversão.
Sempre que acabam as festas natalinas, permito-me um
retrospecto anual e, infelizmente, não existem mudanças, quando muito,
personagens. Esta parada folclórica obrigatória, onde somos induzidos a
festejar, mesmo não querendo, cria pelo menos em mim, um enorme desalento por
constatar que tudo está exatamente igual, ou seja: as pessoas sorrindo e
desejando aos demais tudo quanto sempre desejaram para si, sem jamais o terem conseguido, principalmente, o direito de não
gostarem e poderem dizer em bom tom, que não querem participar deste teatro
social de muitos palcos coloridos e fartos e de muitas solidariedades pontuais,
mas de um total desapego humanitário, ficando o exclusivismo, como tônica
maior.
Neste período de fantasias e ilusões, compramos nos
shoppings as adrenalinas necessárias para que possamos acreditar que não
estamos sozinhos e que somos amados, num frenesi de mercadorias envoltas em
papeis coloridos, ao som de baladas adocicadas, tendo como pano de fundo, sininhos
que nos remetem aos contos infantis, onde tudo era sonho de infinitas cores e
emoções.
Escrevendo assim, pode parecer que sou uma insensível,
incapaz de agregar amor e fraternidade e talvez, realmente eu o seja, se o foco
for a mesmice a cada ano e o vazio que o mesmo produz, afinal, me pergunto a cada ano:
-O porquê de não mudarmos esta estrutura viciada e
simplesmente praticarmos o Natal o ano inteiro, aprendendo a ouvir a todo
aquele que precisa falar, assim como falar para todo aquele que precisa
escutar, presenteando quando o coração determinar, mas principalmente agregando
a cada dia de um ano inteiro a bendita humanidade com a qual nos vangloriamos,
mas que também, a cada ano, se distancia de nós?
Perdoem esta minha mais autêntica tristeza de estar
terminando mais um ano de uma longa e maravilhosa vida, lamentando toda uma
ausência de veracidade em sentimentos coletivos e individuais em um mundo de guerras
e fome, que fingimos não ver, não sentir e muito menos expressar.
E Jesus e seus ensinamentos, aonde mesmo que eles se encaixam?
Como eu disse anteriormente, desalentada, por que não?
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