São 5:00 horas de um horário de verão e, portanto, os
pássaros ainda não acordaram, estando nítido tão somente os grilos da madrugada
fazendo coro e me fazendo companhia.
Nossa! Como sou pretenciosa, ao crer que a mãe natureza
busca a minha companhia. Mas por que não? Afinal, sou fiel, amiga e parceira.
Troco com ela confidências, sorrisos e até choramos juntas, daí o porquê eu me
sentir acolhida, procurada e envaidecida.
Bendita natureza que pautou os meus dias estivesse eu em
qualquer lugar que fosse. Quando criança e adolescente, mesclei o mar gelado e
agitado de minha fascinante Ipanema com a calmaria das águas doces e tranquilas
de Guapimirim, onde a mata densa abrigava a cachoeira de queda livre e gostosa, e
o cheirinho constante da terra orvalhada, fazia contraponto à maresia e à areia
alva e quente que teimosa queimava os meus pés, fazendo-me correr para a sombra
acolhedora dos muitos coqueiros que adornavam as dunas suaves de minha praia.
Quando adultei e parti para outras bandas, o sol, o verde,
as águas por lá nem sempre encontrei, e, então, filosofei, fantasiei e me
encantei, fazendo da vida interminável canteiro, meu maior prazer.
E agora, neste outono cronológico, ainda ouço os grilos,
ainda sinto o cheiro de terra orvalhada e também espero os pássaros apreciando
as copas de minhas árvores, deleitando-me com o suco de minhas frutas,
conversando com as flores e, claro, sentindo-me íntima desta natureza que fez
de mim com certeza a mais prosaica de todas as criaturas, como também a mais
feliz babacona deste pedaço de mundo cercado de água por todos os lados e
recheado de mais e mais vida que minha incompetência não permite expressar em
versos, fazendo poemas, permitindo-me apenas prosear discretamente, agrupando
letrinhas, formando palavras, desenvolvendo mensagens e mantendo, assim, longas
conversas íntimas, comigo e com ela, minha sempre presente natureza.
E para não fugir de meu hábito, também velho amigo e
parceiro, saio de um assunto e adentro noutro que persigo a vida inteira, muito
atenta e esperançosa, refiro-me à educação. Canteiro rico e diversificado, que
se inicia ainda no ventre e se desenvolve no cotidiano, capaz de transformar
todo e qualquer ser humano em um único e grandioso espetáculo desta natureza,
sempre pronta a acolher, inspirar e proteger.
Bendito dia que nasce, benditos pássaros que cantam,
benditos grilos que adormecem, bendito sol que desponta, bendito silêncio que
acorda, bendita Regina que observa, bendita labuta que desperta, bendita paz
que ainda existe.
Dedico a ti que me lê nesse instante, todas as vibrações
amorosas que sou capaz de produzir frente à toda grandeza que tenho nesse
momento diante de mim, que neste sábado, 18 de fevereiro de 2012, seja para nós repleto de paz, compreensão, respeito, segurança e, acima de tudo,
de muito reconhecimento pela bendita vida que reservamos em nós.
Portanto, se tentarem ti irritar, magoar ou ferir, sorria,
devolvendo ao agressor o teu melhor, que é a tua bendita energia amorosa, porque
esta resiste, compreende e perdoa.
Porque esta amansa, neutraliza e abastece, também
regenerando e adoçando cada momento presente, que é a vida que reconheces e te
pertence.
Bom dia!...
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