terça-feira, 24 de janeiro de 2012

MUDAR, COMO?

 Se não bastasse o fato concreto de que conscientemente sabemos que tudo, absolutamente tudo, que foi realizado pelos políticos anteriores e que poderiam ter feito mais e melhor, principalmente em respeito ao cidadão, ainda somos obrigados a nos calar, porque herdamos os medinhos dos poderes absolutistas e coronelistas ou qualquer "ista" com os quais possamos nos desculpar ou, na melhor das hipóteses, para não nos vermos solitariamente expostos ao sol do abandono desértico no qual nossos amigos e vizinhos nos deixarão, na intenção única de proteção pessoal, e aí, mudar como?
Somos os mesmos e eles ( os políticos ) também, mesmo que estejam ou tenham estado escondidinhos, longe das nossas vistas.
Quietinha no meu canto, aprecio as bandas passarem, cada qual no seu próprio ritmo e instrumentos pessoais e, no entanto, constato sem surpresas que apesar de parecerem diferentes, pouco se diferenciam das bandas já conhecidas, porque, afinal, estar no poder já está provado que é, acima de tudo, se tornar igual a tudo e a todos que por ele já passou.
As figuras se transformam em cópias xerocadas das mesmices continuadas em sistematicamente oferecerem o mínimo e colherem em  compasso acelerado o máximo.
Olhem ao redor e digam se estou delirando.
Cala a boca, Regina, afinal o que a senhora entende de política e ainda por cima local?
- Aqui em nossa terra só mesmo nós para sabermos, a senhora é de fora ......
Lavou-me a cara um certo cidadão, há alguns poucos anos passados.
A partir daí, passei a exercitar com mais afinco o meu esporte favorito, que é justo observar e pensar a respeito, vislumbrando entre as névoas da inconsequência social e a ignorância existencial, uma fascinante luz que chamo de paixão que sinto por esta terra bendita que me acolheu, que tem sido capaz de me restaurar dia após dia, injetando em mim aquele reflexo que transcende a razão corriqueira, despertando e mantendo em permanente vibração aquela vontade aparentemente louca de ser e de querer algo melhor para esta Ilha de Sol Ardente, águas mornas e gente bonita que tenho aprendido a querer bem.
Penso então que neste "Pedacinho de Brasil" ( plagiando o slogam de Amargosa, aliás, bem apropriado à esta Ilha) não há lugar para posturas estáticas, fundamentalismos arcáicos, exigindo de cada cidadão que se intitula formador de opinião, atitudes respeitosas, mas firmes quanto à irradicação de uma miséria histórica, mas, sobretudo, vergonhosa a todos nós.
Concluí em minhas solitárias interlocuções pessoais e com as minhas escritas que não poderei jamais, respeitar, aplaudir, votar e consentir com a minha omissão que um gestor de um município tão pequeno como o nosso, não considere as escolas e os professores suas prioridades administrativas, já que a partir destes dois aspectos, tudo se origina, seja para pior ou para melhor no contexto civilizatório dos direitos humanos.
Penso que precisamos ser mais que rôbos sistêmicos programados a tão somente garantir prestígio, status, poder e muita grana aos nossos "escolhidos", hei!... o mundo vem mudando velozmente nos últimos 50 anos e nós continuamos os mesmos em nossos medíocres mundinhos, olhando tão somente para os nossos umbigos, crendo idiotamente que estamos nos dando bem, como se fosse possível estar bem e cercados da vergonha miserável de saber que nossas crianças não tem o que comer, seja em casa ou nas escolas, porque o dinheiro destinado  foi vergonhosamente para bolsos pessoais deste ou daquele, ou de ambos, nos quais, crédula ou interessadamente, apoiamos com o nosso voto e a nossa  cumplice omissão.
Desde sempre, através de meus escritos, lembro aos candidatos a cargos políticos de suas obrigações em buscar respostas aos absurdos com os quais temos convivido dia após dia e, no entanto, nada foi feito, nada foi dito, nada tentou-se corrigir.
Então, como esperar ou confiar em qualquer mudança?
Como crer que chegando ao poder se darão ao trabalho de agir diferente, até porque, os penduricalhos que os cercam são os mesmos, já viciados demais pelo sistema corrupto e desumano que permeia infelizmente a alma da política e do político brasileiro.
Precisaríamos de políticos com "cojones" suficientes para usar a força de cada voto recebido e usa-los com veemente galhardia, resgatando da alma de cada seu eleitor a autoestima, o senso cívico e a dignidade há tanto sufocados.
A geração mais nova, sequer pode compreender o que seja idealismo, e a mais velha, só pode mesmo é sonhar em sentir-se verdadeiramente cidadã.
Faltam  nove meses para as próximas eleições, portanto, tempo suficiente para que se reveja conceitos  sem a inserção de falácias fantasiosas, partidarismos antiquados, retóricas envolventes e acima de tudo compreendendo que sozinhos nada podemos mudar, mas que com certeza como uma unidade esclarecidamente lúcida do que se apresenta, podemos representar aquela bendita diferença no contexto final.


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