E aí, eu venho escrevendo há sei lá quanto tempo a respeito do meu próprio encantamento em relação a natureza e muito particularmente sobre os pássaros, companheiros fiéis, principalmente em minhas manhãs por toda uma vida, e no que escrevo, sei bem o quanto estou sendo criticada por tamanha babaquice em uma época e em um mundo onde estas “bobagens” que estão no contexto do cotidiano a cada instante vão ficando mais distantes de qualquer realidade, tornando-se em compasso absurdo, imagens apenas utópicas, cenário de fundo tão somente nas literaturas melosas que sempre existiram, talvez somente como contraponto à versão corriqueira de sistemas cuja lógica de comando seja por todo o tempo uma estática robótica, sem alma, sem viço, sem originalidade.
E pensando sistematicamente em não me permitir a perda de qualquer sensibilidade, desenvolvi tão naturalmente, que nem percebi, como exatamente sou capaz de pinçar no irreal, no inimaginável, mas absurdamente presente no estereótipo vivencial, o tangível do aparente simples, o fascinante do grandioso quase nada que a vida por si só é capaz de oferecer por todo o tempo.
O que estou tentando contar é que nasceu o filhotinho de um passarinho com pouco mais de 3 ou 4 centímetros que, em dado momento, decidiu que mesmo em meio a confusão de meu quintal, onde existem cachorros e infinitos outros visitantes devido a fartura de frutas, chocar o seu único ovinho sem qualquer, pelo menos aparente, receio.
Fez ainda mais, escolheu um lugar estratégico onde eu pudesse acompanhar a construção metódica do perfeito berço-ninho.
E aí... bem, como sou uma daquelas babaconas sempre de plantão, captando as mensagens divinas deste mundo de “meu Deus”, logo, com o olhar fascinado, absorvi a mensagem de que, neste despertar de um novo ano, meu presente maior seria justo o prazer da contemplação do gigantismo da vida, no seu sempre aparente quase nada.
E assim, muitas vezes em cada dia visito o berço-ninho, afago o pescocinho de meu novo e minúsculo amiguinho, sob a observação acirrada de sua mãe que, do poleiro improvisado na cerca do muro, vai dividindo comigo momentos mágicos.
É claro que sou gozada por quase todo o tempo e, até mesmo, neste instante por você, talvez por crer que não tenho o que fazer e, provavelmente, não tenha mesmo, por já estar sobrecarregada por tanto outros afazeres, como, por exemplo, dentro, é claro, do meu próprio prisma, viver, que afinal é um trabalho com certeza dos mais duros e pesados, além de exigir coragem, determinação e muita observação.
Ahi! Ia me esquecendo, o novo membro, que já me faz companhia, se chama José, tal qual aquele babacão da Bíblia que aceitou a Maria, mesmo tendo na barriga, um Jesus, filho da transcendência.
Por que não, não é mesmo?
Regina, nos conhecemos no almoço da AMF. Meu e-mail rjapias@yahoo.com.br
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