domingo, 1 de janeiro de 2012

NOVAS EMOÇÕES

Mais um ano está por terminar e, é claro, que absolutamente condicionada, sou induzida a uma retrospectiva, assim como a projetar-me em novos planos, tendo como cenário um novo ano, que deixa de ser apenas mais um número para se transformar em um foco fascinante de novas perspectivas.


Em contraponto a todo o êxtase que os fabulosos planos futuros possam me causar, sempre existirão duras realidades com as quais terei de continuar a conviver e onde, infelizmente, não poderei dispensar, porque afinal fazem parte do permanente cenário ou invólucro no qual estou inserida, seja por vontade própria ou não, ou talvez mesmo não sendo de minha vontade, está inserido em algum projeto com o qual eu me sinta absolutamente envolvida, e aí, bem... fazer o quê? Não é mesmo?

Pois é... enquanto me projeto para um futuro que começa daqui a três dias e nele mergulho despreocupada como se estivesse me banhando em águas claras, mansas e mornas como as que tenho pertinho de mim em Ponta de Areia, deixo de pensar no aqui e agora, que confesso, anda me aborrecendo sobremaneira [ah! será que ainda alguém usa essa expressão?].

Pois bem, digamos que ando muito aborrecida com o fato concreto de a cada instante constatar absorta que as “coisas” estão diferentes e que, por experiência, sei que amanhã estarão mais ainda, e que eu preciso correr para não perder o trem das alterações comportamentais, pois nessa certeza que alucina, reconheço em mim uma quase total incapacidade assimilatória, o que me assusta e faz sofrer.

Penso, então, nos novos planos, procuro esquecer a bagagem vivencial que possuo, imagino-me tão somente recomeçando, mas, ainda assim, não posso evitar as constatações com as quais preciso urgentemente me adequar, para não me sentir um ET, uma velha coroca ou uma peça de museu.

- Cruz credo, dona Regina!

Falo comigo mesma na esperança de espantar esse sentimento de “já era” que o sistema insiste em imprimir em todo aquele que teima em permanecer com seus hábitos e costumes referentes ao seu tempo que, cá prá nós, precisa se atualizar, se bem que não precisa ser literalmente, pois fatalmente ficaria ridículo, mas pelo menos que seja um mais ou menos possível não só de encarar como de demonstrar.

Pois é... em meio a este turbilhão de emoções velhas e novas, vejo-me escrevendo e penso então que não tenho idade, tão pouco sexo, tão pouco época, sendo tão somente um ser que pensa, e aí, segundo Descartes, existe, e segundo eu, existe apaixonada por tudo, até mesmo por tudo quanto não concorda, já que por conclusão lógica, deduzo que não haveria desejos diferenciados, mudanças posturais desconcertantes, evoluções de qualquer espécie não houvessem os contrários ou, no mínimo, os diferentes.

E aí, penso nos negros, nos brancos, nos heteros e nos homossexuais, penso no bonito, no feio, no perfeito e no defeituoso, penso no mar, nos lagos e na primavera, sem esquecer as nuvens, as tormentas e o inverno.

Faltam somente três pequenos e superáveis dias, penso, assim, que por enquanto estou viva e isto é tudo quanto verdadeiramente importa, porque todo o restante vivido ou a viver é apenas detalhe, adorno ao já magnífico.

Que 2012, que há décadas atrás nada nos representava ao ponto de projetá-lo somente através da ficção e que hoje, por estarmos existindo, já parece uma realidade, permaneça sendo apenas um solo fértil onde possamos semear nossas intenções através de atos diários de respeito uns aos outros, formando uma corrente vibracional, coisa pensada por gente como eu, repleta de bagagem, mas ainda com forças e muito entusiasmo para aprender e vivenciar novas experiências com suas surpreendentes emoções.

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