Analisando por outro prisma, penso que a noção de liberdade
tão proclamada, principalmente pelos ativistas sociais, tem propiciado, no
mínimo, controvérsias na avaliação de suas qualificações aplicativas na rotina
cotidiana, sendo aclamada como um bem ao alcance de todos, mas, que na
realidade, quando exercida por um, certamente é impedida ou torna-se
instrumento de coação a outros, vejamos:
Alunos do Curso de Educação Física da Universidade Federal
do Recôncavo, através da unidade CFP em Amargosa, deflagraram uma greve, indo
de sala em sala convidando os demais alunos de disciplinas diversas a aderirem
ao movimento grevista em prol de justas reivindicações que, até o momento
presente, diminuem consideravelmente o nível de qualidade do aprendizado.
Logo o movimento absorveu alunos de outras unidades,
transformando o ato, inicialmente isolado, em uma complexa e ampla
reivindicação.
Até ai, aparentemente tudo parece ser justo e correto, além
de estar no direito constitucional, até que nos permitamos a uma análise sem
emoção.
Partindo do fato concreto de que isto não deveria estar
acontecendo, uma vez que, para que haja um projeto de construção de unidades
acadêmicas federais, deduz-se que exista escolha de local acessível,
cronogramas, organogramas, fluxogramas e verbas para elaboração, instalação e
administração coerentes com os propósitos básicos e fundamentais, dentre eles,
funcionalismo administrativo competente, corpo docente qualitativo e
instalações adequadas e básicas às formações a serem instituídas.
Se, partes consideráveis destes quesitos foram sendo
negligenciados, e no caso específico da unidade de
Amargosa é gritante os
descasos que se apresentam, a quem atribuir a responsabilidade?
Ao reitor e a sua equipe? Transferindo a eles todas as
mazelas aparentes e também subjetivas que se expressam através de uma formação
capenga?
É claro que eles são os responsáveis, pois eles existem também
para serem peças itinerantes entre a instituição e o governo, assim como ativos
aplicadores concisos das verbas nos propósitos de promover um ensino de
qualidade.
Mas serão os únicos responsáveis?
Não seriamos nós, alunos, professores, funcionários
administrativos, coordenadores, corresponsáveis pelo descredenciamento dos
propósitos básicos, deixando o barco correr até que as condições se tornem
insustentáveis, e aí, nada mais restando que se tomar atitudes radicais, como a
que ocorreu no 1º semestre deste ano de 2011 com a greve dos funcionários e
logo em seguida no início deste 2º semestre com a greve dos alunos?
Onde está residindo à liberdade, se tem sido privado o ato
supremo de ensinar e aprender?
E porque somente os alunos estão à frente deste movimento se
as reivindicações dizem respeito a todos deste todo educacional?
Pelo menos, não deveria ser assim?
Onde estão as verbas? O que foi feito do tempo que decorreu
desde a fundação e instalação do específico campus de Amargosa?
Porque o silêncio ostensivo de mestres, doutores, coordenadores
de cada curso ao longo destes anos onde tudo que hoje se reivindica já era
notoriamente precário?
Conscientização e verdadeira integração são justo o que não
existe como base sustentável nas instituições de ensino superior, penso então
no restante...
As peças humanas em suas funções ficaram, no mínimo, omissas,
acomodadas em seus mundinhos particulares, fazendo, no máximo, fofocas de
corredores, ou, o que é pior, usando de recursos sorrateiros e isolados de
indução aos alunos para que estes, no isolamento de suas condições de
aprendizes reivindiquem direitos que
pertencem a todos, estimulando, assim, o não cumprimento dos deveres, que,
afinal, no caso é o de estudar, pois cada membro desta ou de qualquer unidade
constituída tem como objetivo tornarem-se profissionais de qualidade, até
porque, por todo este período, os verdadeiros prejudicados foram os alunos que
se mantiveram recebendo medíocres ensinamentos, visto que de uma forma ou de outra,
as necessidades dos demais foram sendo atendidas em dia certo a cada mês, em
forma de salários e bonificações.
Tem algo muito discutível na alma dos propósitos desta greve,
e penso, então, que é preciso deixar a passionalidade um pouco menos expressiva
e buscar meios mais coerentes de avaliação e reivindicações.
Longe de querer ser dona de qualquer verdade, apenas sinto
que muita coisa precisa ser alterada à partir das posturas de todos os
envolvidos, afinal, tudo precisa permanecer no âmbito de interesse da formação
de futuros educadores, estou assim tão errada?
Pois é, pensando em tudo isso, sei que certamente ainda
estou muito distante do cerne da questão e muito neófita quanto aos meandros do
fluxo que existe entre o Governo Federal, sua burocracia e a ponta do iceberg que é justo cada unidade de
ensino federal, no entanto, dentro do que sei, penso que sei ou que creio
deveria ser, existe uma realidade a ser entendida por mim, assim como a todo
aquele que não entende o porquê de uma unidade universitária abrir suas portas
sem que esteja devidamente estruturada, a fim até de que as disciplinas sejam
devidamente aplicadas e ao final dos cursos o diploma seja pelo MEC, órgão
federal que deveria, em princípio, ser responsável por liberar o funcionamento
de uma Universidade Federal somente após a mesma atender a todas às suas
exigências, que são federais, não?
Como eu ou você, podemos entender que uma universidade
represente tão somente “elefantes brancos ou coloridos, instalados nos confins
de nossa senhora”, onde o tudo o mais
capenga. Uma casa de ensino, a meu ver de leiga, não se restringe a
corpo físico, burocracia e funcionários, antes de tudo precisam possuir
excelência de propósitos.
Na unidade de Amargosa, falta moradia, restaurante
universitário, biblioteca mais completa, auditório, quadra de esportes,
ambulatório, transporte, acesso seguro, manutenção física, laboratórios e
tantas outras providências que a minha ignorância a respeito não me permite
exemplificar.
Portanto, antes que me joguem pedras, quero dizer que só
gostaria mesmo é de estar em sala de aula, recebendo o que me é de direito e
cumprindo com as minhas obrigações.
Aliás, ainda não consegui entender porque a prática do ensinar é tão pouco ensinada. Será por esta razão que cada vez esta nobre profissão tem ficado tão igual a qualquer outra, sem a magia de um propósito especial, que é justo o de capacitar gente?
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