Parece que
foi noutro dia, mas rapaz, assusta-me pensar que lá se vão 48 anos.
O dia estava como hoje, nublado, meio friorento, apesar de jamais eu ter sentido tanto calor, aliás, foi a única coisa que senti, pois o nervosismo e o corre e corre para os últimos ajustes, não abriram espaço para nenhuma outra sensação.
Foi bom, bom demais entrar na Igreja Cristo Redentor as 18:30 e aí sim, debaixo de chuva, poder dizer o meu sim e tornar-me mulher, amiga e parceira do meu Roberto.
Naquela época, ainda uma menina de 18 anos, jamais pensei no tempo em que passaria com você, até porque, casava-se com a intenção do “para sempre” ou até que a morte nos separe e este pensamento era lúdico, algo não verdadeiramente, mensurável.
Como eu ou ele poderíamos sequer imaginar o nosso trajeto dali em diante, sem que o romantismo da época, o tesão do novo e os devaneios próprios dos jovens, dessem os tons coloridos da ludicidade.
Todavia, quando as realidades foram tomando seus espaços no nosso cotidiano, insistindo em borrar as nuances de nossas idealizações, vimos surgir em nossos sentimentos a grandeza da amizade, do respeito palpável trazendo consigo a solidez da certeza que nada poderia ser pior do que não estarmos juntinhos em nossas caminhadas.
Acho que foi por aí, que começamos a entender o que era o amor e, sempre foi tão bom , que nos viciamos em senti-lo, deixando os dias, meses e anos deslizarem sem que verdadeiramente nos déssemos conta, pois o que contava era o fato de estarmos juntos, saudáveis e repletos de muita alegria de viver, independentemente das perdas materiais, das dores emocionais e das naturais dificuldades que o viver a dois e depois como no nosso caso, a quatro, com a inserção de Luiz e Anna, impõem à qualquer cotidiano.
Foi bom, tem sido ótimo e esperamos que ainda tenhamos muito chão para pisarmos nesta caminhada de vida e liberdade, buscando por todo o tempo, o equilíbrio, a razão e o amor que pontuaram a nossa história.