domingo, 25 de agosto de 2024

ÚNICOS VALORES QUE CONHECEM...

Textão, desculpem, mas não deu para abreviar.

As evoluções ou degradações, a depende do prisma de quem observa, analisa e conclui, se bem, que este hábito vem se perdendo ao longo dos anos, pelo menos, por mim vivenciados.

Lembro dos muitos 25/8 de minha infância, enfileirada no pátio da escola, diante da figura de alguns soldados enviados pelos quarteis da polícia militar, que perfilados, conosco cantavam o Hino do Soldado.


O antes e o depois...

Era um dia de festa, com bandeiras e cartazes que mais do que simbolizarem uma data, esculpiam em nossas cabecinhas infantis, o orgulho de sermos brasileiros.

Pois é, lembro-me também que eram promovidos concursos de redação, onde expressávamos a importância da manutenção da segurança e da paz, através dos valorosos soldados das Forças Armadas e assim, ocorria no Dia da Bandeira, do Índio, da Independência, da Proclamação da República e, etc...

Aos poucos, esses momentos extracurriculares de fundamental importância para a formação da cidadania e consequente senso de pertencimento, foi perdendo a sua devida importância, da mesma forma, a formação das filas de acesso as salas de aulas, nada mais eram que lições de disciplina, onde as crianças aprendiam a se organizarem, afim de adentrarem num espaço que deveria ser considerado especial, quase sagrado. 

O revezamento das mães na confecção dos uniformes ou preparo das merendas, foi a formula encontrada para se manter a família, independentemente de sua classe social, integrada à escola.

Atos simples, sem custos adicionais, mas que davam certo, além de formarem jovens saudáveis e amigáveis, mesmo em meio a diferentes níveis sociais.

Pais médicos e dentistas, de forma voluntária se reversavam na atenção básica da saúde infantil.

Tudo era perfeito, dentro e fora das instituições educacionais?

Não é isto que estou afirmando, apenas, reconheço a importância da preservação de valores, das ações participativas e agregadoras e a qualidade do ensino, até porquê, mesmo pertencente a extinta classe média carioca, fui aluna da primeira a quarta série na Escola Municipal Henrique Dodsworth

(gozando de todos estes privilégios), onde, próximo, havia um conjunto Habitacional, projetado por Dom Helder Câmara, para beneficiar os moradores da Favela da Praia do Pinto que anteriormente, ficava na Lagoa Rodrigo de Freitas, ao lado do requintado Clube Caiçaras.

Nessa época, para jovens adolescentes moradoras da região, como eu e Márcia que precisávamos ir ao Clube AABB ou Monte Líbano, no Leblon, para praticarmos esportes, era mais seguro atravessarmos por dentro do conjunto do que percorrermos as calçadas da Lagoa Rodrigo de Freitas, sempre muito desertas.

Afinal, era um local, onde moravam tão somente, modestos trabalhadores da região e não, centro operacional do crime organizado.

Pois é... aos poucos, valores pátrios foram sendo colocados em planos insignificantes na formação educacional, assim, como a família e à docência, foram sendo descredenciadas em suas milenares formações em nome de uma evolução social de hábitos e costumes que sem estrutura mínima, trouxe em suas bagagens a alienação, a banalização, a arrogância, abastecidas de uma enorme e incontrolável violência, sem lugar e hora para se expressarem. 

Portanto, concluo por ter acompanhado atentamente e registrado toda esta desastrosa evolução que chamam de “Liberdade” e “Direitos”  que nenhuma alteração social em todos os aspectos cotidianos, tão brutal, aconteceu num estalar de dedos e sim, por ações continuadas do “não estou nem aí” de gerações de jovens mentes e psiques formadas sob os auspícios das influências individualistas e insensíveis da política da corrupção institucionalizada em todas as instituições oficiais, que sem limites, se fizeram “modelos” sociais de sucesso, contando com o apoio de falaciosas propagandas maciçamente, promovidas por uma mídia, comprometida com seus próprios interesses de ganho financeiro/econômico.

Portanto, diante deste quadro assustador, apenas sorrio, esboçando resiliência, quando ouço um jovem de no máximo 40 anos, explanando e se achando analista e profundo conhecedor do passado e do presente da história dos movimentos progressistas do social/ político, brasileiro.

O desesperador pelo menos, pra mim, é que são estes, que estão em sua maioria, à frente das salas de aulas, diretorias e coordenações das instituições educacionais, assim como a frente das secretarias e gestões públicas, replicando os únicos valores que conhecem.

Regina Carvalho- 25.8.2024  Itaparica

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