segunda-feira, 5 de agosto de 2024

FINALMENTE ACORDEI...

Três horas desta manhã e já estava acordada, sentindo uma aceleração não mais comum em mim. Então, levantei-me tomada por uma ansiedade, velha acompanhante de minha vida, cujos malefícios se fizeram notar e que em um certo momento, já cansada desta parceria incômoda, acionei a minha vontade pessoal e a expulsei incansavelmente e com ela, em proporções jamais ser possível, tudo quanto, a ela estava atrelada, debitando a mim, sem culpas ou arrependimentos, uma a uma, total responsabilidade.

Todavia, os hábitos são implacáveis e volte e meia, lá estou sendo fisgada pela vaidade, solidão, ambição, amor, ou seja, lá por qual motivo for...


A mente aguçada previne, os sentidos insistem enviando sinais, mas as emoções amorosas e insistentes, estimulam, até que, o universo sereno, intervém, oferecendo vibrações com as quais, não tenho argumentos para sequer ponderar. 

E o processo de cura, então, precisa recomeçar, afastando com determinação, todo e qualquer estímulo argumentativo que justifique isto ou aquilo que com dimensões de fundamental importância, ora me envolve, trazendo de volta, sem dó e piedade, uma realidade sistêmica incontrolável, quanto ao mal que me fez sofrer pela falta da bendita paz e que, com muito esforço, venho mantendo em minha vida.

Compreender os próprios limites, assim, como não acreditar numa suposta importância pessoal, movida pela vaidade, no contexto geral, onde os interesses pessoais, são evidentes e, geralmente, massacrantes, pode fazer toda a diferença. 

Enquanto escrevo, ouvindo um clássico erudito, sinto que vou relaxando e voltando a ser aquela Regina que, conscientemente nos últimos quatro anos, vem colocando seu plantel pessoal irrigado e livre das invasões de seus impróprios vícios comportamentais.

Itaparica, não me chamou, afinal, eu a encontrei numa busca determinada, onde a motivação era encontrar um lugar para chamar de meu.

Itaparica me recebeu e silenciosamente, foi abrindo portas e janelas, sem sequer perguntar quem eu era e porque vim, penso então, que ao escancara-se a mim, reconheceu a filha gerada por outro ventre, mas nao menos filha do amor que tatuado em mim, a mesma identificou.

Durante quase 23 anos, portando as pessoais limitações de todas as ordens, tentei corresponder a este acolhimento, oferecendo o melhor de mim, portanto, a troca amorosa foi justa, não nos cabendo, nenhuma outra perspectiva.

Eu me entreguei amorosamente, e ela, acariciou-me a cada instante, inclusive, neste em que recebo as benditas aragens, vindas lá de fora, carregadas das brisas frescas deste amanhecer em minha Ponta de Areia.

Nada absolutamente nada, terá o poder de me contaminar com vibrações, emoções e quereres que não mais, fazem sentido pra mim.

Afinal, tudo que realmente preciso, a vida generosa já me ofereceu, inclusive a consciência plena do que sinto em relação ao tudo que me cerca.

Gratidão é um sentimento que se expressa também, não querendo modificar o destino daquele que te acolhe. É o bom senso de aceitar o fato de não termos forças e tão pouco armas do mesmo calibre para lutar.

E eu, tadinha de mim, só consigo empunhar amor...

Arma que há muito, tem perdido espaço e forças para o medo e a tirania que distribui o ouro falso dos tolos aos incautos esfomeados de comida, vaidade ou busca de poder.

Regina Carvalho-04.08.2024 Itaparica

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