A tarde finda, abrindo espaço para a noite chuvosa e fria, enquanto, permaneço impassível assistindo aos movimentos repetitivos da vida, talvez, lamentando o sol que a dois dias não aparece, talvez, esperançosa, quando, apenas deveria agradecer pelos muitos sóis já vividos e sentidos, mas o que fazer com esta minha mente sempre desejosa e ardente?
Onde guardar a sempre euforia, se ao invés de retrair-se expande-se sem medidas?
Onde buscar refúgio para a minha mente viajante e meu corpo disposto, quando deveria estar cansado das longas e duras caminhadas?
Fecho os olhos e ouço Noturno de chopim, deixando as teclas do divino piano seguirem o ritmo das águas geladas deste banho sob o céu acinzentado, deixando as águas da fina chuva, misturarem-se aos jatos energizantes do providencial chuveirão...
Por instantes, sinto-me zonza em uma presente vertigem que me turva as vistas, cambaleia levemente o corpo, numa mistura de físico e etéreo, transcendendo-me do chão aos céus.
Benditas presenças que se apoderam de mim sem licença prévia, trazendo gotas serenas de uma paz energizada, que estimula novas passadas, apresentando novos caminhos...
Posso sentir o gosto dos morangos frescos, das mangas maduras, da boca úmida e quente da vida, sempre pronta e disposta a satisfazer este espírito ardente e inquieto.
Bendita vida que colada em mim, abre espaços livres para eu passar, levando na alma flores, acalantos perfumados de minha paixão pelo belo e simples, sempre à disposição de uma semeadura, por onde quer que eu vá...
Regina Carvalho- 26.11.2024 Itaparica
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