segunda-feira, 25 de novembro de 2024

OS BOLEROS EM MINHA VIDA

 ...sempre foram uma constante, servindo de parceiros musicais em minha infância e  adolescência, nas muitas das minhas viagens lúdicas, inclusive, despertando um senso de pertencimento universal que para mim era forte e poderosamente real, pois, possibilitava meu circular no empírico, na maioria das vezes, difícil, já que como escrevi infinitas vezes, raras foram as ocasiões em que me senti à vontade, integrada, arrastando a sensação de estar fora do lugar, como uma peça deslocada e destoante, levando-me a crer que todas as outras pessoas percebiam e aí, meu Deus, mais e mais, o acanhamento me controlava.

Se por um lado a timidez insistia em me travar, algo dentro de mim, impulsionava-me ao enfrentamento, mesmo que com as pernas bambas, peito apertado e a boca seca, descobrindo aos poucos, uma tendência a funcionar melhor e mais livremente sob pressão, afinal, se algo falhasse, haveria sempre o lúdico, onde as borboletas e os pássaros ao som de lindas canções estariam sempre prontos para levar-me ao seguro Edem.


A mente humana é incrivelmente criativa em todos os aspectos, mas em se tratando de sobrevivência cognitiva é simplesmente uma torrente infindável de complexidades.

Nesta época atual, em que as chagas emocionais são expostas e armários pessoais são abertos, deixando o cheiro da putrefação das feridas exalarem, tudo que buscam são as curas e o livramento dos males causados pelo preconceito e a intolerância. 

Penso, que os excessos são compreensíveis, já que são milênios de feridas escondidas e sufocadas, disfarçadas com as gazes da intolerância, todavia, como o tudo mais que já ocorreu nos movimentos evolutivos humanos, apesar de excessivos e muitas vezes abusivos, com o tempo, irão se amenizando e se incorporando, na medida em que forem sendo compreendidos e respeitados em suas dores pessoais. 

Até eu, precisei de mais de meio século de vida para compreender que minha inadequação era fruto de um absurdo sufocamento pessoal de não me deixarem ser, apenas e tão somente, o que eu era, ou seja:

Uma criança, adolescente e depois, uma adulta absolutamente livre, que só desejava viver do seu jeito, sem travas e correntes, apenas, seguindo o rumo de artista universal.

Como não me deixavam, aos trancos e barrancos fui me impondo, mas, jamais foi o ideal e sim, o necessário para não sucumbir da dor do tédio e da frustração vivencial.

Hoje, entendo que assim como eu, meu Roberto travava a mesma guerra emocional e que juntos, nos apoiamos, nos aceitamos, apenas, compreendendo através do amor.

Amor é o tudo que se precisa, para qualquer entendimento e aceitação do diferente, que afinal, tanto aflige, magoa e mata.

É preciso deixar o ser humano ser o que é, apenas, respeitando-o nas suas características e escolhas.

Regina Carvalho- 25.11.2024 Itaparica

👇👇👇👇👇A natureza nos ensina que os diferentes convivem, cada qual, a seu modo e estilo.

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