Neste dia em que se celebra a saudade dos que partiram, acordei pensando nos que se foram, tombados pela febre infecciosa de uma tal de liberdade de direitos, justo, nesta “era” de tantas abundâncias diversificadas dos mesmos, onde definitivamente é proibido proibir, mas que paradoxalmente, também tem sido uma “era cerceadora” de toda e qualquer manifestação que contrarie o recém pré estabelecido, mesmo que seja na defesa de um primário e tradicional direito de apenas, não concordar com isto ou aquilo sem qualquer intenção ou ação seguidas do desrespeito, seja, qual for, a referência.
Estas posturas politicamente corretas que em sua maioria estão legalizadas, assumem-se constitucionalmente e ao mesmo tempo, extrapolam como uma inquestionável liberdade, revestida de direitos, sem que se considere suas nefastas consequências sociais, possíveis de serem constatadas por todo o tempo e em todos os lugares em que se esteja, afinal, liberdade é liberdade sem mais e sem menos, devendo existir, aí sim, um balizador e mediador legal dos sempre possíveis excessos.
Portanto, já que minha liberdade está condicionada ao meu não direito de pensar e escolher o que concordo ou não, tendo meus argumentos devidamente discutidos e considerados, como estratégia de sobrevivência, fiz do amor, tábua de salvação de todas as ordens, agarrando-me a opção em falar e escrever sobre este único fabuloso sentimento, mesmo sabedora que me apresento piegas e de sua escassez, assim, como temerosa que também este, de tão envolvente e agregador, possa vir a ser colocado na berlinda dos novos tempos para ser exterminado por tornar-se uma chateação e temível ameaça e assim, perigo maior a ser execrado, como tantos outros sentimentos, oriundos dele, que as evoluções sociais do século 21, vem soterrando sem qualquer piedade, como por exemplo o tudo que representa original vida.
Penso então, que liberdade sem a real consciência do que seja a vida e o que representar na ampliação do sentido maior da igualdade de direitos, só é possível se vier acompanhada minimamente da solidez educacional, único caminho capaz de amparar evoluindo com o devido aperfeiçoamento, toda e qualquer mudança nos hábitos e costumes que se apresentem atávicos e que estejam ferindo este ou aquele direito de um ser humano existir com dignidade e com seus consequentes direitos preservados, evitando-se assim, conflitos explícitos provocados pelo imediatismo, fomentador da hipocrisia, que tenta sem sucesso, disfarçar as duras realidades.
Nunca estivemos tão miseravelmente sem o viço do direito maior de conviver com o outro, que pode ser a natureza, sem enxerga-lo como um potencial inimigo.
Nunca choramos tanto pelos mortos, nunca desconsiderando tanto a vida.
Regina Carvalho- 02.11.2024 Itaparica
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