Nesta manhã, finalmente, descobri o grande vilão que mora comigo e que até então, eu não o havia visto, mas, que com certeza, durante alguns dias, não só me intrigou como me assustou, principalmente, quando acordava antes de mim.
O barulho que provocava, lembrava-me uma ferramenta sendo batida de forma ritmada contra algo resistente, o que me fez deduzir, tratar-se de alguém, forçando, talvez, uma porta ou uma janela.
A constante violência, sempre nos leva a pensar no pior.
Por tratar-se de um local tranquilo, onde ouve-se apenas, os pássaros e os cães da redondeza, o tal barulho, chamou minha atenção, estimulando em mim, um medinho que foi superado pela minha imensa curiosidade.
Naturalmente, não abri a janela, em nenhum dos três dias de insistente barulho, mas, caladinha, fiquei próxima a ela e sem sucesso, pois, não consegui deduzir do que se tratava, até porque, tão de repente como começava, silenciava.
Todavia, nada como um dia atrás do outro para que mistérios sejam esclarecidos, afinal, depois de alguns dias, finalmente, o vilão foi descoberto, logo as quatro e trinta desta manhã, onde acordei, antes dele e encorajada com os primeiros ainda fracos raios do sol, escancarei a janela e pude encantada, reconhecer o vilão, impressionantemente lindo com seu penacho amarelo que por ignorância, duvidei trata-se de um pica-pau, já que pensara que todos ostentassem penachos vermelhos e aí, como a minha curiosidade, suplanta até o desejo ardente de tomar o meu pingado, sagrado primeiro alimento que me desperta ainda mais feliz, corri e procurei no google uma explicação e me surpreendi ao constatar que existem mais de cinquenta tipos catalogados destas criaturinhas, circulando por este Brasil varonil, correndo riscos de extinção, devido aos cortes indevidos das árvores.
Sorri repleta de felicidades, porque, afinal, apesar de hoje, ser raro encontra-los, pelo menos um bendito, veio para tão próximo, afim de encantar-me e certamente, fazer deste pedacinho de céu itaparicano, lar seguro para seus filhotes que não tardam a chegar.
Penso então, que para se sentir viva e feliz, de muito pouco precisamos, além do sempre prazer em descortinar o belo que, afinal, está sempre muito próximo, precisando apenas, da nossa saudável curiosidade.
Regina Carvalho- 13.11.2024 Itaparica
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