Estou nesta noite encalorada espichada no sofá diante da TV e sem mais porquê, começo a sorrir de mim mesma, por estar como o “Diabo Gosta “ou seja; em ótima companhia, curtindo o aroma do sabonete que impregnou o meu corpo, levando-me a cheirar os meus braços e mãos, pensando no quanto, aprecio um corpo suavemente aromatizado depois de um delicioso banho, afinal, curto me perfumar, justo, porque me amo, me aprecio e reconheço que sou uma ótima companhia pra mim mesma.
Afinal, uma pessoa que se ama e se sente confortável em sua própria companhia pode ser considerada alguém com amor-próprio elevado perigando as raias do narcisismo, mas não, afinal, todo narcisista não possui empatia e isto, é o que não me falta, aliás, até em certos momentos, a tenho em demasia.
O amor-próprio é a capacidade de se aceitar e apreciar a si mesmo, reconhecendo suas qualidades e limitações, e estando disposto a sempre melhorar, seja qual for o aspecto.
Há poucos dias, aqui mesmo nesta sala, um adorável amigo me disse: “Na realidade você gosta de ficar sozinha”, no que concordei imediatamente, afinal, para quem passou a vida cuidando seguidamente de outras pessoas, muitas vezes, sequer podendo usufruir de si mesma, estar só e quieta, fazendo meus horários, cozinhando gostosuras que gosto, banhando-me no quintal, sob o sol ou sob as estrelas, ouvindo lindas e preciosas canções, sentindo-me uma eterna jovem sonhadora e apaixonada, com certeza, é um presente Divino do qual, não abro mão.
Portanto, me adulo, me cheiro, me curto, me amo e me privilegio sem culpas, numa solitude gostosa por estar comigo e como disse o filósofo Paul Tillich, são momentos que a mente se tranquiliza e uma pessoa consegue entrar em contato com sua essência.
Todavia, vez por outra, por já não ter, fecho os olhos e recordo a fartura já recebida em cafunés e deliciosos beijos ou, imagino-me borboleta, voando para beijar lindas criaturas, num bater de asas silencioso e espetacular, afinal, fazer o quê, se não posso ter tudo que gosto e quero, ao mesmo tempo nesta vida... Não é mesmo?
Regina Carvalho- 5.11.2024 Itaparica
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