Nesta quinta-feira, acordei crendo que estava aparentemente sozinha, qual nada, logo percebi o canto acanhado de um Bem-te-vi, imediatamente penso que talvez, a minha música, mesmo tocada bem baixinho, possa o estar acordando, já que sua audição é mais sensível que a minha...
Sei lá, afinal, tudo que sei é que estou egoisticamente gostando de sua companhia e com ela, vou me regalar, trocando experiências vibracionais, afinal, pode até ser o mesmo pássaro da manhã de ontem, mas certamente para hoje madrugar, mais que um hábito que se forma, existem motivações outras, que transformam como únicos cada amanhecer.
Lembro-me dos estudos sobre Heráclito, o filósofo da antiguidade pré- Socrática que defendia a não existência da unidade natural no mundo, mas duelos e dualidade constante. “O mundo é um eterno devir”, querendo dizer que há uma constante mudança, imprevisível, que caracteriza a natureza.
“O pensador despreza a noção de essência e defende que existe uma mutabilidade, surgida de vários processos contínuos, que resulta no que é o mundo. Essa relação é composta pelo duelo entre os contrários, o qual, gera novas características. Por pensar assim, Heráclito é considerado o “pai” da dialética."
"Brasil Escola- Prof. Francisco Porfírio
Pois é... Enquanto isso, cá estou no reduto encantado deste pedaço de Paraíso terrestre, acordando pelas madrugadas, ora com uma imagem mental já delineada, ora como agora, tendo em mente, justo um pot-pourri (é assim que se escreve?) de imagens de cenas cotidianas que preciso catalogar e selecionar para então, sentar diante do notebook e ir digitando para poder a cada teclada, correlacionar o raciocínio à lógica, buscando um mínimo de entendimento sobre esta parafernália com a qual, você que me lê e eu, vivenciamos, ora como plateia critica, ora como protagonistas, geralmente frios e insensíveis, mas na esmagadora parte do tempo, como figurantes, apenas imagens sem formas definidas, seguindo rumos que não nos pertencem ou sequer tem a ver conosco, além do fato em comum de qualquer necessidade básica e, portanto, urgente quanto, a própria sobrevivência seja lá do que for, acreditando ou tão somente, nos induzindo que, a vida é mesmo assim, ou o que é mais determinante por ser a “vontade de Deus” que, afinal, não pode ser contrariado, ainda mais nos tempos bicudos que, ora vivenciamos em que as dialéticas desapareceram dando lugar as indiferenças, aos embates físicos e as armas de qualquer natureza que sejam capazes de fazerem calar o outro ou (os) garantindo assim, a soberania da estupidez em se achar o dono das verdades absolutas.
Paro um instante, respiro fundo, olhando o céu iluminado e lembrando que daqui a dois dias, a Primavera que é a estação do ano mais colorida e aromática estará chegando para mais uma tentativa da natureza em nos harmonizar.
Regina Carvalho- 19.09.2024 Itaparica
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