sábado, 7 de setembro de 2024

RESGATE DA ALMA...

O dia sequer amanheceu e cá estou esperando o acordar dos pássaros para juntos, apreciarmos a chegada de mais um dia, trazendo consigo o sol que é a alma alegre, deste pedacinho de paraíso.

Enquanto escrevo, ouço fogos a distância e estes, sempre inoportunos, acordam de uma só vez, o bendito viveiro de sons.

Hoje, deveria ser um dia de festa cívica, onde a cidadania pudesse se expressar livremente, sem medos ou pressões, sem nenhuma outra motivação, além de poder abraçar com a sua participação orgulhosamente eufórica, a alma de sua cidade e consequentes, estado e país.


Minha memória foi despertada, levando-me a lembrar da campanha de 2008, onde a alegria espontânea era a energia mais vibrante que se podia encontrar nas ruas, becos e ladeiras, onde cada qual, empunhando ou não a bandeira de seu candidato, desfilava a pé ou num trio elétrico, verdadeiramente se sentindo pertencente.

Lá se vão dezesseis anos e nunca mais a alma de Itaparica, vivenciou com legitimidade a presença real e sorridente da esperança.

Sou de outra cercania e justo por isto, posso isenta de qualquer sentimento atávico de pertencimento, identificar um antes e um depois, de um emocional que se alterou, na medida em que a busca pelo poder se atrelou à violência do não reconhecimento da legitimidade de se pensar diferente.

As decepções, as leviandades, as incompetências, os abandonos, as falácias, as interferências disfarçadas, mas ainda assim, percebidas do até então, próximo vizinho, foram se alastrando sorrateiramente, criando asas e voando, não sem levar consigo a ingenuidade da alma da cidade.

E o que resta a uma cidade, quando sua alma é sufocada pelo medo e pelas migalhas transgênicas que tão somente, de forma pontual, colorem uma ostentada alegria sem coração?

Espero há 23 anos que minha rua de lindas árvores e belos pássaros, seja pelo menos cascalhada, mas hoje, dominada pela emoção do amor que tenho por esta cidade luz e sua gente, abro mão deste desejo, rogando a Deus o bendito milagre de ver renascer a dignidade da alegria legítima das pessoas em cada esquina, com a liberdade dos pés descalços, mas com a alma livre, leve e solta.

O sol ainda não chegou na plenitude de seu poder agregativo, mas chegará, despertando a veracidade do ideal, encobrindo o ainda breu que se instalou.

“Onde houver trevas, que eu leve a luz”.

Regina Carvalho- 7.9.2024 Itaparica

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