Passei toda a minha vida não abrindo mão do meu café da manhã, não importando a pressa dos compromissos que me aguardavam e para tanto, passei a acordar mais cedo, justo para ter o tempo bendito de dividir com a minha família o também bendito momento de interação.
Neste momento, sinto o cheirinho de meu próprio café que se funde ao de minha mãe, fazendo-me crer no quanto, somos capazes de difundir amor, fraternidade, tolerância e respeito ao outro e ao tudo mais, reforçando raízes de solidez emocional, não abrindo mão de pequenas, doces e saudáveis lembranças, repetindo-as como em um ritual de preservação que afinal, nada mais representa que uma celebração, mais que merecida por estarmos vivos.
E todas essas lembranças, não me deixam esquecer o quanto tudo esta diferente porta à fora. Os hábitos mudaram, principalmente, a forma de vivenciar o tempo, mas as criaturas, porque não mudaram, afinal, continuam buscando os mesmos valores e realizações íntimas sem no entanto, terem qualquer parâmetro afetivo que lhes sirva de norteamento.
Sinto-as por todo o tempo, ora carentes e solitárias, ora tristes e apáticas, assim, como extremamente agressivas, ora esperançosas, mas pouco confiantes.
Penso então, que feliz é todo aquele, que insistente, não abre mão dos parâmetros recebidos, repassando-os aos filhos e estes provavelmente repassarão aos seus e neste aspecto, creio então, que a corrente da fraternidade permanecerá mais consciente e resistentemente no convívio com os novos hábitos e costumes, nem sempre agregativos, nem sempre regados de ética, bom senso e respeito.
Bendito portanto o café da DONA HILDA de todas as manhãs que me inspirou vida afora e que me reserva infinitas lembranças, fazendo-me reconhecer o brilho colorido de cada estação, desses muitos anos vividos.
Bem... Agora, vou tomar o meu café com aquele pãozinho francês bem quentinho e é claro, com a manteiga escorrendo que certamente, sujará o canto de minha boca em mais esta manhã que por enquanto, está acinzentada.
AH! que bom, afinal nestes momentos cotidianos que poderiam ser banais, o sublime me toca de mansinho como quem nada quer, além de me fazer sentir DEUS, nos seus infinitos e mínimos detalhes.
Bom dia a todos!
Regina Carvalho- 10.10.2024 Itaparica
Foto- Rawpixel- Site Deposito Fotos
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