terça-feira, 11 de junho de 2024

RECO-RECO DA NATUREZA

Cinco e vinte desta terça-feira. O céu se recusa a clarear, os pássaros sequer apareceram e tudo que ouço é o reco-reco dos grilos, que aos poucos vão calando suas zoadas, deixando o jardim, num silencio sepulcral, ao ponto de manter calados os pássaros que decidiram não o romper de imediato.

O inverno, vem chegando sem cerimônia, trazendo um friozinho gostoso e me fazendo tirar os agasalhos leves do guarda-roupa e o chocolate da prateleira da cozinha, afinal, logo substituirá o meu pingado cotidiano, afim de me esquentar um tiquinho a mais, nestes amanheceres que, abusadamente, espero poder vivenciar.

Enquanto escrevo, pouco a pouco, posso ouvir os pássaros em rebuliço, disputando o palco do show deste amanhecer, enquanto, o céu teimoso se arrasta entre as brumas de si mesmo, recusando-se preguiçosamente à clarear e eu, como uma tenaz apaixonada, cá espero sem pressa, na certeza absoluta que logo aparecerá. 

Faço uma pausa e me levanto para abrir as janelas e então, impossível não sorver os aromas deliciosos deste novo dia que como um elixir bendito, percorre o meu interior de pessoa humana, renovando tudo quanto, vai encontrando pela frente, objetivando alcançar a minha alma, só para mantê-la encantada e grata, por mais um dia de vida e liberdade.

Em tempo: O grilo macho adulto provoca um som que lembra um reco-reco, provocado pelo atrito de sua asa direita dentada, sobre a esquerda, afim de atrair a fêmea para a cópula.

Regina Carvalho- 11.06.2024 Itaparica



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