sexta-feira, 14 de junho de 2024

HOJE

...é o amanhecer do “de repente”, e assim, volto a escrever, atendendo a solicitação de minha mente que para ser atendida de imediato, é capaz de privar-me do bendito ar, fechando-me as vias respiratórias e só as liberando paulatinamente no compasso do meu dedilhar das teclas do notebook.

Nossa, isso é que é pressão...

Pensando nisto, relembro das infinitas crises que os médicos chamavam de “crise de pânico” em várias épocas de minha vida, com sintomas exatamente iguais à referida síndrome e que, de trinta anos pra cá, compreendi que era tão somente, a minha natureza, cobrando sua parcela de atenção, afinal, havia um bom tempo em que escrever, descrevendo a vida, já não mais era a prioridade do meu cotidiano.

Que coisa, viu!!!


No entanto, em meio a uma destas terríveis crises, busquei um caderno e uma caneta e resolvi narrar o que sentia, na esperança de deixar escrito meus últimos momentos de vida, já que era morrendo que eu me sentia.

Sempre fui dramaticamente teatral...

De repente, fui percebendo que estava melhorando, afinal, meu coração voltou ao seu compasso costumeiro, o suor, já não brotava abundantemente, as mãos não mais tremiam e as vistas, não se turvavam.

Inicialmente, pensei que estava morta, afinal, nunca havia morrido anteriormente, portanto, acreditei que a súbita melhora era a morte que finalmente, chegara... 

Nova cena dramática, sem plateia para aplaudir...

Hoje, lembrando desta cena que aconteceu, quando, sozinha eu me encontrava, portanto, não havendo ninguém que me socorresse, como aconteceu nas inúmeras outras situações do tipo, agarrei a mim mesma, como busca única de amparo sem saber se estava a caminho do céu ou do inferno e nesta bendita atitude, salvei-me como por milagre, consciente pela primeira vez da real e palpável constatação da indivisível solidão do apenas, existir.

Penso então, nos incalculáveis ansiolíticos que ingeri, do terror de instantes indescritíveis, quando tudo que eu precisava, era encarar o aterrorizador fantasma, chamado medo existencial que, afinal, é mais um dentre tantos, que fui acumulando, através, das absurdas “certezas” e falsas necessidades, que fui armazenando para tão somente, esconderem as dúvidas, frente as minhas reais e benditas naturalidades, não sem em momentos de verdadeiro terror e de uma forma ou de outra, determinada pela psicologia, ser cobrada por suas estadias em mim, sem qualquer pudor ou piedade.

“Perdão se não pude calar a voz do alaúde e nem comprimir os meus ais”. Casimiro de Abreu

Com certeza, desde então, amo-me demais...Afinal, eu me perdoei...

Regina Carvalho- 14.06.2024 Itaparica

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