Às vezes acontece e não se trata de insônia e sim, por ter completado o número de horas que me são necessárias e assim, cá estou a três da manhã, já desperta e esperta, diante do notebook, deixando fluir a minha mente, neste meu vício compulsivo por escrever.
O silêncio lá fora é sepulcral, nem os grilos desafiam a queda de temperatura que para os padrões nordestinos, está de lascar, menos pra mim, que acostumada estou com os friozinhos Mineiros das montanhas e vales, fazendo os ossos doerem nestes meses que variam de maio a agosto, quando então, os ventos agitados, fazem balançar galhos e a nossa nenhuma vontade em sair da cama.
Posso ouvir ao longe cães latindo, sem que os dos meus vizinhos se incomodem sequer em fazerem coro, como de costume, preferindo creio eu, permanecerem aquecidos em seus abrigos, esperando o dia amanhecer.
Enquanto isso, minha mente arisca e inquieta, passeia entre os próprios neurônios, escolhendo as prioridades para este novo dia e por mais que circule, encontra de tudo como tema, cada qual, ostentando como num comício, sua bandeirola partidária e então, na dúvida quanto à escolha, avista uma bandeirinha tímida, meio descolorida, mas determinada e resistente aos empurrões e solavancos, ostentando vigorosamente a bandeira da vida, pequena e poderosa palavrinha que deveria ser o bastante para definir o amor, afinal, sem ela, nada mais faz sentido.
Opto por ela e penso nos jardins floridos e profícuos de minha vida e no quanto, nem sempre a eles fui fiel, deixando-me envolver por falsos valores, brilhos fabricados, sons artificiais, sem sequer poder justificar-me, afinal, meus sentidos ladinos, jamais falharam na avaliação, mas minha mente aliciada, desconsiderou, proliferando por todo o tempo, mil argumentos de convencimento, levando-me a crer, que só daquela vez, eu merecia fazer aquela concessão.
Regina Carvalho-28.06.2024 Itaparica
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