sexta-feira, 28 de junho de 2024

Esborrachei-me ao chão

...como as mangas muito maduras que tantas vezes, testemunhei aqui no jardim, nos verões itaparicanos.

Algumas se racham, mas outras, mais sortudas, apenas, lesam-se superficialmente e eu, faço parte destas privilegiadas, se bem, que elas não sentem o que estou sentindo, como se o meu corpo tivesse sido moido num triturador.

Um segundo entre o tropeço no degrau e a chegada intempestiva ao chão, quando, então, nada foi possível pensar e uma vez, estatelada, só restou o esforço doído de levantar lentamente, apalpando-me em busca de algum osso quebrado, felizmente, não encontrando nenhum...

Passado o susto, inevitável não pensar na vulnerabilidade da vida, capaz de um instante ao outro, simplesmente, como uma aragem, a luz apagar.

Se assim tivesse ocorrido, agora, neste instante em que faço a narrativa, constato nada pendente, teria deixado, afinal, a cada dia, abro espaço em minha vida para novas e surpreendentes expectativas, jamais esquecendo de fechar amorosamente, as benditas portas que sempre estiveram abertas para mim...

Regina Carvalho- 27.06.2024 Itaparica



EU MERECIA!!!

Às vezes acontece e não se trata de insônia e sim, por ter completado o número de horas que me são necessárias e assim, cá estou a três da manhã, já desperta e esperta, diante do notebook, deixando fluir a minha mente, neste meu vício compulsivo por escrever.

O silêncio lá fora é sepulcral, nem os grilos desafiam a queda de temperatura que para os padrões nordestinos, está de lascar, menos pra mim, que acostumada estou com os friozinhos Mineiros das montanhas e vales, fazendo os ossos doerem nestes meses que variam de maio a agosto, quando então, os ventos agitados, fazem balançar galhos e a nossa nenhuma vontade em sair da cama.


quinta-feira, 27 de junho de 2024

EXPLOSÃO DE VIDA

Quietinha nesta madrugada, esperando mais um dia amanhecer, mas já podendo escutar os pássaros, então, faço uma rápida pausa e vou abrir as janelas, afim de acompanhar a chegada dos primeiros raios de luzes deste amanhecer que como tantos outros, trará para os meus olhos o apenas, seu singular belo.

Penso e sorrio, afinal, de tanto esperar e me deliciar com as grandezas particulares e consequentemente únicas dos despertares de novos e surpreendentes dias, acabei sendo induzida a assim proceder em relação às pessoas, buscando avidamente as suas mais expressivas belezas, muitas vezes, camufladas em atitudes no mínimo esdrúxulas.


quarta-feira, 26 de junho de 2024

LUZES OU TREVAS

O céu ainda está escurinho e eu, já estou diante do notebook bebericando o meu pingado e pensando no quanto o ser humano é fascinante a começar por mim, afinal, enquanto eu viver, certamente me sentirei uma bolacha gostosa, uma fruta fresca, uma flor e até mesmo, uma estrela, por que não?

Não pensem que esta senhorinha enlouqueceu, perdendo de vez o senso do ridículo.

Ao contrário, a cada amanhecer mais lúcida e recoberta da realidade me sinto, somente lamentando que nem sempre tenha tido esta clareza de consciência, mesmo tendo uma força estranha que me movia e me tornava simpática a mim mesma.


terça-feira, 25 de junho de 2024

NO CENTRO DA ENCRUZILHADA...

AH! meu Deus, porque fizeste-me tão ativamente questionadora, o que me atordoa profundamente, já que o cotidiano é duro e cobrador e na pequenez de minha importância existencial, sinto-me vez por outra, numa encruzilhada, onde preciso decidir entre a lógica e o amor. 

Penso então, que os poetas e escrevinhadores, são os únicos, capazes de adicionarem ao amor, uma lógica absolutamente própria que a tudo justifica, colorindo com flores, sonorizando com pássaros, grilos e cigarras imaginárias, variando a depender das circunstâncias, aromas e texturas salvadoras do ostracismo repetitivo, das perdas incomensuráveis, absolutamente aterrorizador da complexidade do apenas ato de viver.


segunda-feira, 24 de junho de 2024

DENTRO DO POSSÍVEL...

Fui aprendendo com o tempo que devemos extrair da vida e tudo que nela existe, o que melhor nos complementa, ao invés de ficarmos batendo cabeça querendo o que definitivamente, não nos pode ser oferecido. Simples assim... Claro que sempre existe um preço a pagar, mas tudo é uma questão de custo benefício. A clara percepção do que me é favorável, não pode ser desperdiçado e muito menos desprezado, isso em relação a qualquer coisa ou pessoa.

 A vida é feita da somatória de instantes e são eles que determinam a qualidade do todo.


QUE COISA, VIU!!!!

Tenho tido, como nunca antes, uma enorme preguiça para escrever, pode até ser outra motivação como cansaço, falta de inspiração, mas o que me ocorre neste momento, é mesmo, a preguiça, levando-me a crer que, talvez, o peso da idade, afinal de contas, pode ser que esteja finalmente, mostrando porque veio.

Por outro lado, tenho minhas dúvidas, afinal, mantenho-me ativa nas demais publicações e tenho lido muitíssimo, admitindo que minhas opções momentâneas se restringem as biografias, já que estas, sempre aguçaram a minha indisfarçável curiosidade.

Bem...Seja lá por que for, não tenho me sentido naturalmente compelida a escrever, desanimando-me diante da tela do computador, na presunção em pensar, que nada mais que eu venha a escrever, poderá de alguma forma, interessar a quem vier ler, afinal, são tantas novidades pipocando a cada instante e aí, penso; que posso escrever que já não esteja defasado?

A sensação é que todos sabem sobre tudo... 

Será?

VIVA SÃO JOÃO!!

Regina Carvalho- 24.06.2024 Itaparica




sábado, 22 de junho de 2024

BENÇA MÃE - BENÇA PAI...

Depois, de dormir por nove horas seguidas, o que é um assombro pra mim, acordei pensando que todas as mudanças radicais e significativas na vida de uma pessoa e na sociedade, não ocorrem de um instante para o outro e sim, num processo lento e em sua maioria imperceptível a compreensão da maioria das pessoas que estão envolvidas com assuntos visíveis com os quais, precisam lidar e superar em seus cotidianos.

Penso então, que o início do esfarelamento familiar e que abriu portas e janelas para a violência absurda  existente, até mesmo, nas mais pequenas e longínquas localidades, teve como ponto de partida a irradicação da bênção oferecida aos filhos, momentos onde a mesma, reservava em si, um colóquio amoroso entre pais e filhos, garantindo a certeza subtendida da busca de uma proteção, assim, como garantia aos pais, uma constante reverência a importância que os mesmos representavam na vida de cada filho, mesmo que o ato, parecesse mecânico.

Bença mãe, Bença pai!!!

Deus esteja contigo, meu filho(a)...


quinta-feira, 20 de junho de 2024

O HÁBITO DAS CONCESSÕES -1-

Sorrateiras, vão serpenteando os sentidos, viciando-os gradativamente a subornarem a mente com mensagens duvidosas de um “tudo bem” inexistente, geralmente, leviano e inapropriado a um real bem estar, criando na consciência, uma aparente forte resistência que com o passar do tempo, se mostra como frágil papel que uma vez umedecido, primeiro mofa, enfraquecendo a natural firmeza e brilho e em seguida, vai se esfarelando gradativamente.

E aí, a mente fragilizada pelo excesso de contradições ao longo do tempo, começa a pedir socorro e a mais rápida e aparente solução, vem através dos paliativos farmacológicos tarjados de preto, como imediatos salvadores, que nada mais são que borrachas novas que são colocadas nas tampas das panelas de pressão para que estas, não explodam e, possam voltar a cozinharem com relativa segurança. 


quarta-feira, 19 de junho de 2024

QUE MARAVILHA!!!

O dia poderia ser apenas, mais um inserido em uma rotina semanal, mas nunca o será, se estivemos atentos aos detalhes que, afinal, fazem toda a diferença.


E neste quesito, não tenho falsa modéstia, já que estou por todo o tempo, como uma águia, observando os movimentos do cotidiano, não perdendo uma única sequer oportunidade em sorver tudo quanto, a vida, através das circunstâncias e as pessoas me oferecem e aí, o que para a maioria é tão somente, mais um acontecimento ótimo, bom, ruim ou sofrível, transforma-se em instantes de profundo aprendizado e prazer.

Obrigada a sempre irretocável elegância do amigo Joselito Cardin e sua adorável mãe, quando, de nossa estada em Valença, pelos momentos de sorrisos leves e descontraídos que ofereceram a mim e a Tereza Valadares, nesta última terça-feira, num show de elegância e distinção pessoal, onde a mais significativa pompa oferecida, foi o carinho da atenção e fraternidade.

Obrigada,

Regina Carvalho


terça-feira, 18 de junho de 2024

ETERNO AMOR...

Pois é, cá está ele novamente garboso, lindo, depois de quase um mês praticamente desaparecido.

Que saudades, meu Deus, desta tua translucidez que me fez ficar apaixonada tão logo te vi naquela manhã de janeiro de 2002.

A surpresa foi tão grande que precisei parar o carro e percorrer parte da Ponte do Funil a pé, apenas para poder senti-lo e enquanto, deslumbrava-me com o mar a meus pés, acreditando que finalmente, não estava sonhando e que você, afinal, era real e para convencer-me que o seu aceno era realmente para mim e o que eu ouvia na alma era também a tua alegria por me ver chegar.


segunda-feira, 17 de junho de 2024

CLAIR DE LUNE

O frio lá vai se dissipando com a chegada do sol e entre  a natureza e eu, há um pacto de fidelidade, onde não existem estranhamentos, apenas, amorosa aceitação, afinal, sou o que sou e ela, a minha constante recicladora, inspira-me como uma luz universal que não se apaga e muito menos se cansa em me proporcionar os seus elixires sensitivos, transformando silenciosamente o que sou, no melhor que devo ser e assim, seguimos resguardando o amor e o respeito que nos unem.

Enquanto, escrevo, ouço Debussy , vez por outra, interrompo a digitação para simplesmente, deixar os sons do piano levarem a suavidade de Clair de Lune, até, aos recôncavos desta terra surpreendente que é a minha arisca e persistente mente, mas que há muito, tem dispensado a pressa, podendo desta forma, usufruir de instantes sublimes, donde é possível deixar de ser a Regina para simplesmente, transformar-me num ínfimo fragmento da bendita paz. 

Um dia regado a paz é o que desejo a você que me lê.


Regina Carvalho- 17.06.2024 Itaparica

domingo, 16 de junho de 2024

ATUAÇÕES MEDÍOCRES

A questão que aterroriza a existência humana é sem dúvidas o medo que silencioso se disfarça em diferentes personagens, com os quais, nos apresentamos nos muitos atos da contínua peça vivencial que escolhemos ou nos é imposta, representar.

O medo está sempre presente e latente, nem sempre perceptível na consciência de quem o sente, mas está lá, determinando a performance, adaptando-a esmeradamente a cada necessidade da ocasião, como se fosse um salvo conduto individual, que justifica por si só, todos os movimentos cênicos, enquanto, no palco, mas nem sempre fora dele, na intimidade da cognição, quando então, ele se expõem, revelando-se assustador.


sábado, 15 de junho de 2024

SOU CAPAZ DE PENSAR ...

Não sei se sou esquisita ou se nasci com alguma deficiência que, jamais me permitiu, enxergar algo, apenas superficialmente, precisando sempre ir mais além nas minhas observações, afinal, os meios no meu entender, jamais puderam justificar fosse lá, quais os fins, desde uma comemoração pontual de um Natal ou Páscoa, até as construções monumentais que para existirem, precisaram ceifar uma infinidade de seres humanos, guerras que se sucedem, indiferenças que flagelam, e ao mesmo tempo, aqueles que as  defendem de um lado ou de outro, batendo nos seus peitos, acreditando que os mesmos, trucidados ou que determinam seus trucidamentos eram e são milagres de Deus.

Como é possível crer-se em Deus, se o mesmo é renegado nas mais básicas ações pessoais?

Que raios de milagres são esses que se matam e se ferem a cada milionésimo de segundo, por todo este mundo que por ele, foi criado, mas deixado à mercê da própria sorte?

sexta-feira, 14 de junho de 2024

HOJE

...é o amanhecer do “de repente”, e assim, volto a escrever, atendendo a solicitação de minha mente que para ser atendida de imediato, é capaz de privar-me do bendito ar, fechando-me as vias respiratórias e só as liberando paulatinamente no compasso do meu dedilhar das teclas do notebook.

Nossa, isso é que é pressão...

Pensando nisto, relembro das infinitas crises que os médicos chamavam de “crise de pânico” em várias épocas de minha vida, com sintomas exatamente iguais à referida síndrome e que, de trinta anos pra cá, compreendi que era tão somente, a minha natureza, cobrando sua parcela de atenção, afinal, havia um bom tempo em que escrever, descrevendo a vida, já não mais era a prioridade do meu cotidiano.

Que coisa, viu!!!


DE REPENTE

...tudo lá fora parece estar em festa com a chegada movimentada dos pássaros, trazendo como abre-alas, um bem-te-vi triunfante, enquanto, as luzes de um novo dia, como holofotes cênicos, iluminam o palco cenograficamente pronto para o meu total encantamento.

Plateia repleta que se cala ao primeiro sinal de que o espetáculo está prestes a começar, num ritual único que se repete, frente a  abertura da cortina do sempre inusitado espetáculo de luz, sons e movimentos, jamais repetidos.

Então, esboço um leve sorriso, enquanto, penso no quanto é bendito o privilégio de ainda ter ingressos para assistir do camarote da varanda, a esta sucessão de maravilhas que se exibem, crendo vaidosamente, só pra mim...

Regina Carvalho- 14.06.2024 Itaparica



quinta-feira, 13 de junho de 2024

PORTA ESCANCARADA...

Não sei você que tem como um dos seus hábitos, ler meus escritos, mas eu que os escrevo, vez por outra, sinto profundo enfado de mim mesma e imediatamente, sou invadida por um não menos profundo abismo de desânimo, crendo que em algum momento da minha vida, perdi o bonde das realidades e permaneci ora caminhando, ora voando, mas sempre seguindo o rastro do ilusório, fazendo dele o ar de minha sobrevivência.

Neste instante, olho através da janela, como faço de imediato a cada amanhecer e apesar de lá estarem a paisagem e os aromas que me inspiram, por inexplicável razão, acho pouco, quero mais...


quarta-feira, 12 de junho de 2024

PRECIOSA HERANÇA...

Trinta e seis anos depois, já com muitas páginas, fixadas com cola e fitas durex, cá está a preciosa herança a mim oferecida ainda em vida pela minha sogra(mãe) fraterna, Maria Zizita. 

A caligrafia irretocável e a capa plástica ainda é a mesma dos tempos passados, cor de rosa e repleta de pequenos corações que simbolizam a nossa profunda amizade e o seu carinho em repassar a mim, todo o seu conhecimento amoroso, humanitário, culinário, artesanal, fazendo de mim, na cozinha de fora da casa principal, onde estava instalado o fogão à lenha, sua ajudante das sextas feiras, quando, então, dedicava o dia a produzir delícias para serem degustadas por toda a semana

 No final da tarde, depois, de toda a labuta, íamos animadas e tagarelando ao salão de cabelereiro de sua comadre, cujo nome me falha no momento, para escovar os cabelos e arrumar as unhas.


REPIQUE DA ALMA

Pronto, um novo amanhecer silencioso, pelo menos aos débeis ouvidos humanos, já que na realidade, bem sei o quanto de ruídos ensurdecedores a vida com seus micro-organismos, imperceptíveis a não menos débil visão, fazem por todo o tempo.

Então, como o absoluto silêncio me convém, nem penso em colocar qualquer música, como de hábito, preferindo treinar minha velha audição cognitiva, afim de quem sabe, poder ouvir o apenas imaginado.

Todavia, como posso afirmar estar em silêncio total, se minha mente, mais parece a bateria da mangueira em pleno desfile carnavalesco?


terça-feira, 11 de junho de 2024

RECO-RECO DA NATUREZA

Cinco e vinte desta terça-feira. O céu se recusa a clarear, os pássaros sequer apareceram e tudo que ouço é o reco-reco dos grilos, que aos poucos vão calando suas zoadas, deixando o jardim, num silencio sepulcral, ao ponto de manter calados os pássaros que decidiram não o romper de imediato.

O inverno, vem chegando sem cerimônia, trazendo um friozinho gostoso e me fazendo tirar os agasalhos leves do guarda-roupa e o chocolate da prateleira da cozinha, afinal, logo substituirá o meu pingado cotidiano, afim de me esquentar um tiquinho a mais, nestes amanheceres que, abusadamente, espero poder vivenciar.

Enquanto escrevo, pouco a pouco, posso ouvir os pássaros em rebuliço, disputando o palco do show deste amanhecer, enquanto, o céu teimoso se arrasta entre as brumas de si mesmo, recusando-se preguiçosamente à clarear e eu, como uma tenaz apaixonada, cá espero sem pressa, na certeza absoluta que logo aparecerá. 

Faço uma pausa e me levanto para abrir as janelas e então, impossível não sorver os aromas deliciosos deste novo dia que como um elixir bendito, percorre o meu interior de pessoa humana, renovando tudo quanto, vai encontrando pela frente, objetivando alcançar a minha alma, só para mantê-la encantada e grata, por mais um dia de vida e liberdade.

Em tempo: O grilo macho adulto provoca um som que lembra um reco-reco, provocado pelo atrito de sua asa direita dentada, sobre a esquerda, afim de atrair a fêmea para a cópula.

Regina Carvalho- 11.06.2024 Itaparica



segunda-feira, 10 de junho de 2024

A MÚSICA NUNCA PAROU DE TOCAR...

Incrível é a generosidade da mente do escrevinhador, única e exclusivamente por deixar a sua gaiola mental sempre de porta aberta, afim de que seu pássaro emocional se sinta livre para ir e vir...

Quando o pássaro sai para um novo voo, como não está acostumado a carregar pesos, deixa sua bagagem absorvida no voo anterior, armazenada no armário do inconsciente, ficando ao escrevinhador a consciente responsabilidade em ir liberando paulatinamente em forma de arte, com sabor de paixão.

Gaiola de porta aberta se mantém exposta aos invasivos pássaros, sempre dispostos a ciscarem na bagagem alheia, sempre colhendo o que jamais cultivaram, justo, porque, as gaiolas que aguardam seus retornos, jamais receberam bagagens para serem resguardadas, ficando os pássaros aparentemente livres, como ciscadores compulsivos, sem qualquer sentido em  oferecer razoável destino aos alpistes ciscados e por lá, nada deixam, além, de penas descoloridas e as fezes de si mesmos...

Gaiolas abertas, se renovam como um velho disco de vinil que mesmo com uma faixa danificada, ainda dispõe de várias outras para serem tocadas.

Acontece em algumas ocasiões do pássaro voltar cansado e ferido dos possíveis ataques exteriores, mas ainda assim, encontrara a porta aberta, afim de que possa descansar, reabastecendo-se com a bendita reserva dos infinitos voos anteriores, mantendo desta forma, a música tocando sem gruídos na vitrola vivencial, fazendo com que, até mesmo, seus profundos e silenciosos suspiros de dor, fluam porta a fora, como vibrações de esperança e amor.

Regina Carvalho- 08.06.2024- Itaparica



HISTÓRIA OU DISCURSO?

Amanheci pensando na minha predileção pelas biografias e ai, ouvindo por puro acaso em um passeio pelos "Stories" do "Facebook", parte de uma entrevista com a atriz Denise Fraga, detenho-me em sua afirmativa sobre o seu prazer em conhecer historias e aí, minha mente agilíssima, logo captou a mensagem e a relacionou com o meu sempre prazer em mergulhar nas histórias pessoais que exercem sobre mim, um incrível fascínio, já que por algum motivo que eu credito à minha paixão pela vida, desde muito jovem, pressenti um vasto arquivo de emoções, contidas em cada uma.

Portanto, é bem possível a qualquer pessoa mais atenta, perceber a atenção que disponibilizo, ouvindo e atendo-me ao gestual de outra que, por ventura, seja alvo de destaque. Faço involuntariamente, numa incrível atração, numa busca curiosa do que existe por trás do personagem apresentado, que ao longo de minha vivência, foi me mostrando um rico e variado acervo sem copias e intransferíveis, apesar de parecidas e que, serviram-me de aprendizados múltiplos, assim, como inspirações.


CHOVIA PESADO

...tanto que me acordou, antes mesmo da hora prevista para a chegada dos pássaros e assim, permaneceu até há pouco, quando, finalmente deu uma trégua, abrindo espaço para o sol fraco que não perdeu a oportunidade e se deixou ver, achegando-se de mansinho por sobre as copas das arvores e o telhado da garagem, possibilitando-me vê-lo, como sempre majestoso.

Um leve friozinho era trazido pelas brisas marinhas e espalhadas pelos farfalhares das folhagens dos coqueiros, símbolos de força e resistência, aquele que verga, mas não se parte, insistindo em permanecer ereto, num estímulo real, por ser visível e tocável, tal como, desejou Deus, através de mais uma de suas criações, mostrando-me por todo o tempo, o indiscutível exemplo de como devo agir, diante de tudo quanto, não posso evitar e sequer modificar.

Conformismo? 

Inercia?


sexta-feira, 7 de junho de 2024

SOU CAPAZ DE TUDO...

E aí, uma nova sexta-feira está chegando devagar, bem devagarinho e cá estou, fiel ao hábito adorável da contemplação dos amanheceres, com a mente absolutamente limpa do ontem já vivenciado e do amanhã que sequer consigo cogitar, ambos com pouca relevância ao hoje, no qual, preciso me centrar. Afinal, só nele, sou capaz de tudo.

E as referências do ontem e as projeções para o amanhã, perderam seus valores e importâncias?

O que fazer com o hoje, se não houver continuidade do ontem?

Como planejar o amanhã, se nem o hoje, servirá de algum ponto de partida?


quinta-feira, 6 de junho de 2024

UM NOVO DIA

Venho alterando a hora do meu deitar e acordar propositadamente, afinal, manter-me fora das rotinas sempre foi uma de minhas tarefas mais sérias, pois, acredito que seja ela a responsável pela perda do melhor que podemos sentir em relação a qualquer aspecto vivencial, que é o sufocamento e até o sepultamento de qualquer emoção mais gratificante.

Então, fico esperta e não permito sequer que esfriem e já vou logo mudando o comportamento ou o hábito que se formou, transformando o corriqueiro em excepcional.


PARECE BOBAGEM

...o cultivo da gratidão propagada por uma tal de “autoajuda” que virou moda nas últimas décadas, com o avanço desregrado e altamente corrosivo dos desequilíbrios de todas as naturezas, mas não é...

A “autoajuda” desperta a gratidão pela vida que existe em nós, é sinônimo de fé, afinal, pode existir maior demonstração de grandeza pessoal do que, saber reconhecer uma dádiva recebida, ainda mais, quando esta, nos é oferecida a cada amanhecer e, apenas, ser e demostrar gratidão?

Penso que essa rotina do habito cotidiano de adormecer e acordar, quando devidamente observada, se torna um ritual de entrega incondicional à fé e a esperança, crendo-se seguro e protegido para o devido descanso, na certeza absoluta de que o despertar, acontecera em algum momento de um novo dia.

Todavia, quem pensa nisto?


terça-feira, 4 de junho de 2024

TOLOS PARADOXOS...

Acordei com a minha mente repetindo incessantemente, parecendo um disco arranhado (aqueles de vinil), quem se lembra ou já viu? 

“Quanto mais íntimo ficamos com a morte, mais atentamente descobrimos as delícias da vida”.

Será por esta razão que a maioria das pessoas, depois de receberem um diagnóstico médico condenatório, sobreviverem a acidentes aterrorizadores ou terem sido expostas a algum risco fatal, descobrem emocionadas a vida, indo de repente busca-la de forma compulsiva e algumas, ainda descobrindo que dentro delas, habita um fabuloso Deus?


segunda-feira, 3 de junho de 2024

EU NÃO GOSTO E MUITO MENOS QUERO

...não pode me transformar numa carrasca impiedosa, sempre com a capacidade em oferecer o golpe fatal a tudo e a todos que não aprovo.

Penso que para ressaltar as minhas preferências, não necessariamente, preciso compará-las com o tudo mais, assim, como não preciso ter amplo conhecimento do que de alguma forma rejeito ou não aprovo.

Esse hábito comportamental mais parece uma doença que quando toma conta de alguém, imediatamente faz dela uma separatista, sempre pronta às comparações, onde o que “acha e aprova” é sempre o melhor.  Este comportamento, creio ser a mais bruta forma de preconceito, onde o que o outro aprova é totalmente ignorado.

Ora bolas, eu não preciso destruir o trabalho musical, político e amoroso do outro, para argumentar sobre o que acredito ser de melhor qualidade, todavia, a cada dia, percebo que está mais difícil manter-me fiel as minhas preferências sem que corra o risco de ser execrada de alguma forma, sem qualquer direito de defesa, sempre  me expondo ainda mais a todas as formas de brutalidade ofensiva.

De repente, o outro que por alguma razão rejeito, passa a ser a minha obsessão, onde deposito minhas opressões pessoais, num exercício doentio de impor o que penso ou o que apenas acho, sem qualquer fundamento que não seja o que melhor me convém.

Nunca dantes fomos tão abusivamente manipulados e assim, como um tudo mais que nos é incutido por todo o tempo, sorrateiramente pelas mídias, delineando as formas de nos comportarmos, ao ponto de amanhecemos e adormecemos numa falsa seleção de qualidade, já que, os mecanismos que nos intui, não são os nossos sentido em plena atividade cognitiva, mas uma mídia abusiva que por todo o tempo, só pensa nela e no quanto, precisa arregimentar tolos e distraídos, afim de que, possa se manter no topo das evidências e é claro, numa escala de um faturamento, sempre crescente.

Neste círculo indutivo e altamente vicioso, vamos perdendo o senso dos limites e adentrando abusivamente na forma de ser do outro, sem qualquer motivação à um diálogo, onde haja uma saudável troca de preferências, mas sim, numa constante batalha impositiva das verdades absolutas.

Pense nisto, quando quiser exaltar uma ideia, preferência ou visão sobre algo ou alguém e tente, exercitar argumentos que sejam agregativos, baseados num bom senso que possa ser útil a amplitude da visão de outros, ao invés, que querer enfiar goela abaixo de quem te ouve ou lê, a tua visão sobre qualquer coisa.

Regina Carvalho- 03.06.2024 Itaparica

É preciso ter em mente o velho e sábio proverbio popular que diz:



sábado, 1 de junho de 2024

SENTIDOS LADINOS...

Neste amanhecer, acordei antes dos pássaros e fiquei esperando o dia clarear como se fosse uma babaca da terceira idade, exatamente o que sempre fui ao longo de minha vida, desde quando me é possível lembrar, jamais havendo um só dia em que eu não me fascinasse...

Tudo, absolutamente tudo, sempre diferente e extraordinariamente lindo em favor de meus sentidos que  ladinos, absorvem despudoradamente, causando-me sensações, simplesmente inenarráveis, mas que se incrustam no meu todo de criatura humana, reforçando-me a resiliência, frente aos também absurdos com os quais, precisei e ainda preciso conviver, fazendo de mim, uma pessoa, não só de bem com a vida, mas abastecida do amor que a vida incansavelmente generosa  me oferece e eu, ousadamente disposta, a recebo.

Chove lá fora, mas nunca em meu coração, abrigo seguro que abasteço tão somente com o belo, o forte e o inusitado, afim de torna-lo cada vez mais resistente para acolher com generosa compreensão, o feio, fraco e o que não deveria ser comum...

Regina Carvalho- 01.06.2024 Itaparica



O SILÊNCIO DOS NEM TANTO,INOCENTES...

A desfaçatez, o favoritismo, a desconsideração pelos bens públicos e principalmente o desrespeito que estas posturas imprimem ao bem comum f...