terça-feira, 22 de julho de 2025

Altos Voos, Baixos Padrões

Mesmo constatando de que não tenho meus pássaros me dando bom dia, cá estou disciplinada como sempre, apesar de ter os dedos endurecidos pelo frio, digitando, pensando e sentindo a vida com alegria e disposição e claro, registrando impressões sobre as minhas vivências que no frigir dos ovos, é parecida com a de qualquer outra pessoa e neste amanhecer, ainda cansada no físico/ emocional da viagem, onde as mudanças climáticas são absolutamente distintas, impossível não pensar comparando a baixa qualidade atual dos voos nacionais em relação aos serviços oferecidos num passado nem tão distante, afinal, voar era quase um evento. Não se tratava apenas de ir do ponto A ao ponto B, mas de uma experiência que envolvia cortesia, deferência, sorrisos autênticos e, imagine só, um lanche que não parecia castigo. Havia até quem se vestisse bem para embarcar. Hoje, a popularização tão desejada, no entanto, transformou-se em uma espécie de esculhambação metida a besta, onde é mais fácil encontrar um unicórnio do que um passageiro satisfeito.


Começa pela “orientação” no aeroporto, se é que podemos chamar assim, aquele caos com voz robótica e painéis que mudam de portão como quem troca de canal em dia de tédio. O passageiro, já confuso, inicia uma jornada por corredores infindáveis, banheiros lotados e filas que desafiam a paciência dos monges tibetanos e para os mais idosos como eu, o desafio se transporta para os pulmões, como se estivéssemos competindo em maratonas, sem direito a qualquer atraso. Enfim, encontra-se o portão certo (por agora), e se é presenteado com... um atraso. Atraso que há muito, se transformou em um novo horário.

E aí vem a parte gastronómica da tragédia: o famoso “lanche”. Um saquinho de 10g de um chip de batata doce, cuja textura e sabor remete ao absolutamente nada, igualzinho quando, servem biscoitos com sabor de areia do deserto, acompanhados de refrigerantes, águas ou café mornos. Cortesia? Apenas a lembrança...Afinal, paga-se um rim na passagem, esperando um tratamento menos ruim, no entanto, a qualidade dos serviços apresentados não acompanha, infelizmente.

No final, o voo GOL decola. Tarde, claro. Sem graça, também, mas com um bilhete de valor estratosférico e o leve sentimento de que já estivemos melhor. Talvez, voar nos dias atuais, seja isso: um exercício de resistência psicológica com vista nublada para o passado.

Todavia, para os jovens que jamais provaram da real qualidade, seja lá do que for, tá tudo bem...

Preciso comprar umas plantinhas para colocar nas varandas, justo para que atraiam pássaros, na esperança de que gostem de minha companhia e que por aqui, façam morada.

Neste instante, iniciarei um exercício psicológico, afim de tomar coragem para tomar banho, porque, putz grila, o frio é demais...

Regina Carvalho- 22.7.2025 Tubarão SC

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