domingo, 13 de julho de 2025

EXCESSOS E EXAGEROS..

Venho pensando e cada vez mais atordoada que desde a virada do milénio, parece que pisámos no acelerador da vida sem olhar para o retrovisor. Tudo ficou mais rápido, mais intenso, mais urgente. A humanidade, que outrora caminhava com cautela entre o saber e o sentir, agora corre, atropela e grita, como se a pressa fosse virtude e o excesso, um troféu.

Talvez tenhamos cruzado um ponto invisível na virada do milénio. Um limiar silencioso, onde o que era excesso passou a ser norma, e o exagero, estilo de vida. De lá para cá, tudo parece inflacionado: os desejos, os medos, os ruídos. É como se o mundo tivesse perdido a balança e andasse, há anos, cambaleando entre a pressa e o ego.


Vivemos a era do “mais”; mais consumo, mais informação, mais opinião, mais urgência e menos tempo, menos escuta, menos prudência. Saltamos de tendência em tendência, como se o amanhã não tivesse tempo para acontecer. E talvez não tenha mesmo, se continuarmos a tratar o “planeta” como palco descartável e os “outros” como meros figurantes irrelevantes.

A empatia, essa palavra bonita e esquecida, já não ocupa o centro da mais simples convivência e foi sendo substituída por monólogos travestidos de diálogo. As redes sociais, que deveriam encurtar distâncias, criaram muralhas invisíveis entre vizinhos, amigos e até famílias. Cada um no seu mundo, no seu algoritmo, na sua verdade absoluta.

Penso, sinto e constato que não é exagero dizer que o juízo coletivo anda na UTI. Basta observar os noticiários, os comentários online, o ar carregado de impaciência e muitas vezes violência nas ruas, nos comércios e nos lazeres. Em  meio de tanto barulho, me pergunto: Para onde se esta correndo?

Talvez seja tempo de reaprender a andar. De reencontrar o passo firme da razão com o compasso amoroso da sensibilidade, já que a logica insiste em mostrar que só há futuro, seja lá no que for, se houver equilíbrio na forma como se vive, convive e se preserva. 

Afinal, abraçar o suficiente ainda pode ser belo. E o essencial, absolutamente revolucionário...

Regina Carvalho- 13.7.2025 Itaparica

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