...em algum momento de sua vida, pensou e até desejou algo que simplesmente, acreditava não ser adequado, fosse por formação de valores educacionais ou por constatação externa, cujas avaliações eram sempre altamente questionáveis?
Pois é...
Tentação gostosa que evitamos, mas que vez por outra, volta a nos rondar, afinal, o proibido será sempre uma atração especial.
E aí, quando nos colocamos supostamente neste patamar do desejado, mas não conveniente, sentimos inevitavelmente uma enorme e desproporcional culpa, deixando adentrar em nossas mentes, uma sensação imediata de que para cada crime, haverá um castigo e por antecedência, já o cumprimos, através de uma martirização emocional de minutos, horas e até dias, totalmente surreal com a nossa mente que, afinal, só fez expressar um desejo que latente se fez aflorar, portanto, tratou-se de um crime ou infração imaginária, sem qualquer efetivação pratica.
Pensando nisto, logo associo este estado mental humano com os romances e situações apresentadas pelas mentes férteis dos escritores que nada mais são, que roteiristas dos comportamentos, pinçando as nuances camufladas dos desejos humanos, trazendo a luz dos cotidianos, espertamente, dando visibilidade e aparente naturalidade ao que parecia um verdadeiro absurdo, só por ser pensado.
Daí, o sempre sucesso dos personagens polêmicos, sacanas e outras faltas de virtudes, oferecidos pelos folhetins televisivos que atingem as massas ou livros, teatros e filmes, abrangendo assim, todas as camadas da pirâmide social.
O imaginário tendo espaço, amenizando as culpas interiores ou moldando consciências.
O certinho, bonitinho e generoso, jamais atinge o sucesso ou tem espaço relevante, quanto os vilões, afinal, nós nos enxergamos neles de alguma forma e através deles, transformamos nossas dolorosas culpas em simples banalidades.
Isso explica o aumento desastroso da vilania que como rastilho de pólvora, incendeia as mentes de todos nós e as mais reduzidas comunidades sociais, onde haja sinal de internet ou de televisão.
Existe uma pergunta que nunca quis calar: Por que os programas de real valor agregativo ao desenvolvimento humano, nunca estão nos horários nobres, quando, então, o povão poderia assistir?
Por que, nas grades escolares, tudo quanto é necessário para a formação de pessoa e cidadão, simplesmente sequer é cogitado e quando o foi, não demorou muito para ser extirpado?
Por que, mesmo sabendo que o político é um safado corrupto, cujas condutas públicas e pessoais, são reprováveis, ainda assim, votamos nele a cada quatro anos, oferecendo a ele, o conforto e as vantagens que o mesmo nos nega sistematicamente?
Será porque, nos alimentamos emocionalmente do sucesso que lhes garantimos, numa simbiose pra lá de doentia?
Pense nisto e se possível viva ou pelo menos, não sinta culpa por suas fantasias, afinal, cada uma delas, são gotículas de prazer que por instantes, colorem nossas realidades que por algum motivo, não sabemos ou não queremos, alterar.
Bom dia, um uma pitada de sacanagem que não faz mal a ninguém!!!
Regina Carvalho- 18.0.2024 Itaparica
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