Entre os resquícios de um sol que se despede e uma noite que lentamente se chega, assim como, entre alguns pássaros que se recolhem e outros que simplesmente se vão, para onde eu não sei, resta-me continuar de prontidão, aguardando os grilos assanhados e os raros vaga-lumes que amorosos, insistem em acenderem as luzes do palco do meu jardim, criando a cada noite, um incrível e inédito espetáculo, só para encantar os meus olhos.
Tudo fica tão lindo e especial que o solitário guaiamum, não resiste e assiste de sua plateia reservada, silenciosamente arisco, esgueirando-se desajeitado entre as folhagens, tendo como abafo de seu caminhar cascorento, a macies do gramado e da terra fofa, numa perfeita camuflagem, não pra mim que atenta, nada deixo passar, neste vai e vem de vida noturna.
E nesse misto delicioso de despedida e espera, um sabiá namorador me faz companhia, cruzando o jardim em voos rasantes, exibindo-se com certeza, fascinando-me, não resta dúvidas.
Penso que a vida é esplêndida e eu, cá estou sorrindo apreciando-a na sua incansável rotina de ir e vir entre o sol e as estrelas, salpicando de luz a minha existência.
E como hoje, a lua será crescente, mais e mais estrelas poderei contar e com a imaginação recolher, só para continuar a tecer o bendito colar que me fará um dia retornar repleta de luz, afim me reintegrar ao universo e poder de lá, continuar a observar apaixonadamente a vida de outra dimensão.
Regina Carvalho- 9.01.2025 Itaparica
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