sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

ENFIM, UM FRESCOR

Ela vem há dias ameaçando aparecer por estas bandas, mas somente nesta madrugada é que finalmente apareceu fraquinha, mas suficientemente bendita para refrescar a terra ressequida e as folhas e flores murchas e sem viço.

E aí, acordar, abrir a janela e sentir o perfume de terra e vegetação molhadas, foi com certeza o primeiro aroma que induziu em definitivo a minha paixão pela vida.

Nenhum outro é capaz de me fazer fechar os olhos e me sentir parte integrada deste todo, simplesmente espetacular...

Parece pouco ou quase nada, mas na realidade é um tudo, absolutamente insubstituível...


Penso que se é fundamental para que se possa existir, por quê, é tão negligenciado ao ponto de acharmos que as crianças já nascem sabendo de sua importância e por esta razão, não incluímos na educação, os cuidados que se deva ter para preservar sua qualidade.

Cinco, seis minutos, tudo quanto, se pode resistir sem ele, no entanto, como mais uma coisa pouca pertencente ao nosso sempre assoberbado cotidiano, inconscientemente o desconsideramos, aliás, dele nos lembramos, somente, quando, por algum motivo nos falta.

Benditos aromas que me foram apresentados na infância, todavia, por ser abundante e absolutamente imaculado, esqueceram de me dizer que eles sempre estariam ali, pertinho de mim, mas que para senti-los, precisaria merecê-los.

Precisei quase morrer muito tempo depois, tendo entre os dedos um cigarro, para finalmente compreender, que ele, o sagrado ar, benditamente  aromatizado, deveria ser a minha prioridade.

Inteligente, eu?

Insensata, provavelmente...

Regina Carvalho- 10.01.2025 Itaparica

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