quinta-feira, 6 de novembro de 2025

DESUMANIZAÇÃO

Não sei você que me lê, mas eu, a cada dia, mais me recolho nos meus escritos, não por covardia, já que minha vida foi composta de atos contínuos, onde não cabia o medo; do contrário, jamais teria chegado até aqui tão inteira como me sinto, mas por pura prudência.

Medir cautelosamente os riscos é fundamental e, para tal, não me faltaram perspicácias sensitivas para senti-los, graças unicamente à bendita educação doméstica, que descortinou para mim, ainda criança, o comparativo de valores entre a natureza, Deus e eu.


Quanto mais vivo, mais dolorosamente vejo brutalizar-se a violência nas relações de qualquer natureza; mas confesso que jamais a percebi tão absurdamente próxima e devastadora como nos tempos atuais, disfarçada, trajando-se de direitos e liberdade, num verniz de “politicamente correto”.

Entre o colorido da falsa alegria, entre a fragilidade dos sentimentos, entre a omissão de quem percebe, mas compreende, amuado, nada poder fazer, e quando o faz, atravessando a linha e colocando os pés da prudência na zona de perigo, acaba atropelando a si mesmo entre a vontade de mudar o imponderável e a própria sobrevivência, repleta de sins e nãos das conveniências impostas e das brutalidades, cujas armas letais nem sempre são fuzis e Drones explosivos, mas a mentira, a indiferença e a alienação corrosiva da falta de humanização.

Regina Carvalho — 6.11.2025, Tubarão (SC)

Foto Ilustrativa- IA

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