Que hábito doentio é esse que possuímos de endeusar determinadas figuras, retirando delas a bendita humanidade que poderia servir de espelho produtivo para nós e para os demais?
Como se o simples fato de deixar transparecer as mazelas apagasse, concomitantemente, as suas evidentes grandezas.
Ídolos públicos, sejam religiosos, políticos ou artísticos, pela vivência e complexidade, não estão isentos de cometer erros, de terem dúvidas e medos, ou mesmo de fazer escolhas pessoais que não se alinhem com o que se acha e se crê.
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Será que, mesmo na mais profunda admiração, não somos capazes de aceitar a semelhança emocional que nos torna todos parte da mesma humanidade bela, contraditória e completa?
Não seria esse uma forma de rejeitar o próprio sentimento de não se sentir especial, arrancando do ser admirado tudo o que nele é comum, e necessitando que o outro seja perfeito para justificar a nossa própria imperfeição?
Daí o assombro quando um líder, seja de que área for, é apontado em erros.
Diz-se: “Mas como é possível?”
E, por não o admitir com falhas inerentes à própria humanidade, o ato contínuo será sempre o expurgo, sem qualquer complacência, afinal, perdoar é reconhecer que até os grandes tropeçam.
Que coisa, viu!
Regina Carvalho – 4.11.2025, Tubarão SC

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