Esse texto eu deveria ter escrito na noite de ontem, enquanto assistia ao Globo Repórter em que o tema eram os baianos da família Veloso, especialmente à Maria Betânia de quem sempre tive a maior admiração, além de ouvi-la continuamente, mas o cansaço de um dia agitado e fora dos meus padrões de pata choca caseira, me impediu.
Todavia, cá estou escrevendo, enquanto, ouço Chopin e beberico o meu pingado, neste ainda escurinho amanhecer, aproveitando apaixonadamente cada instante de vida, mesmo que aparentemente, eu possa parecer aos demais, uma esquisita reclusa, que raramente participa seja lá, do que for e assim, pouco aproveitando seu tempo de vida, optando na maioria das vezes, pelo aconchego da própria casa, dos pássaros e borboletas.
Penso então, que foi pensando no valor incalculável deste tempo, que valorizo neste instante, expressando a minha gratidão ao tempo alheio que me tem sido dispensado, jamais banalizando-o num enquadramento corriqueiro de uma apenas, comum convivência.
Concluo, embasada em uma vida inteira de observações interativas, que meu celeiro de emoções, sempre esteve ricamente abastecido com o precioso tempo de lindas e apaixonantes criaturas que por motivos diversos, decidiram doa-lo em parte, a mim.
E aí, como não permanecer poetizada?
Como não fazer deste tempo que vivencio um prazer contínuo, que de retorno, só espera o melhor de mim, já que reconheço o “usufruto” que tão bem descreve, o direito real temporário de usar e gozar de um bem pertencente a outra pessoa e que, tantas satisfações me proporciona.
Penso no tempo que tenho tido disponível e em cada milionésimo de segundo dos tempos alheios presentes ou a distância que me foram dispensados e no quanto, de valores agregativos foram trocados em contínuos colóquios atenciosos e amorosos para que eu chegasse até aqui, sorrindo e em paz.
Este texto, dedico a todas as pessoas que comigo interagiram seus precisos tempos, através de Tereza e Elon Coelho, pelas preciosas horas de seus tempos, dedicados a mim, especialmente no dia de ontem, que com carinhosa atenção, por horas a fio, acompanharam esta “Regininha pata choca”, metida a ser escritora e que nada entende da vida sistêmica, absurdamente comum, a qualquer mortal.
Tempo, única e preciosa riqueza, que além de usufruímos, ainda somos capazes de doar.
Regina Carvalho- 28.6.2025 Itaparica
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