Ouvindo e vendo mais uma live do cantor pernambucano, Ayrton Montarroyos que particularmente sou admiradora, isto porque além de selecionar e trazer sempre o melhor já produzido pela MPB com sua afinação e delicada voz, ainda dá luz as histórias de cada uma, assim, como de seus interpretes, deixando pelo menos para mim, a constatação do quanto, somos um povo sem tradição cultural, não por falta de subsídios de grandeza, mas porque, pela dimensão continental dividido em regiões específicas e cada uma, sendo colonizada por influencias distintas europeias, criaram cada qual, sua própria cultura local e na maioria das vezes, sem comunicação entre elas, isolando-as até pouco mais de algumas décadas, quando então, as mídias foram responsáveis pelas suas interações, mas ainda assim, carregadas de influências especificas internacionais, pouco popularizando com raras exceções, belíssimas músicas e seus representantes criativos, vocais ou ambos.
Portanto, não é difícil encontrar-se em épocas distintas, poucos criadores e interpretes que ao migrarem para Rio e São Paulo, pontuaram e mais raros, são os que se perpetuaram, reduzindo a lista lamentavelmente, deixando um número expressivo de grandes obras e seus criadores no ostracismo cultural.
E aí, observe que são sempre os mesmos astros no cume do sucesso, atraindo pelo menos nos últimos cinquenta anos, um engessamento musical, esmagando entre as paredes dos interesses midiáticos, muitos ainda recentes que não se enquadram nos moldes do gosto do consumidor que é condicionado a um cercadinho massificante, onde a mesmice é idolatrada, dividindo as opções de escolhas populares, entre meia dúzia de alta qualidade e uma infinidade rentável de lixos musicais, formando e reforçando o mal gosto no apetite popular, engrossando as rendas dos que as criam e produzem .
Lamentável ...
Não sou entendida em música, apenas, uma apaixonada que acompanha desde sempre, observando e lamentando a poluição sonora e o emburrecimento musical, ficando a boquinha da garrafa e uma infinidade de tantas outras inutilidades formando e sacramentando a cultura musical brasileira, num patamar de absurda mediocridade.
Regina Carvalho- 4.3.2025 Itaparica
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