Despertei nesta sexta-feira, ouvindo uma música de Roberta Miranda intitulada “DENGO” enviada por um querido amigo e este, foi o estopim para que eu, não só começasse minhas funções online, como despertou minhas memórias infantis, onde o que não faltaram, foram os infinitos Dengos, oferecidos pelos meus pais, que de modos diferentes, expressavam respeito, amor, atenção e dedicação.
A menina rapa do tacho era a “coisinha mais bonitinha, principalmente do pai” que por trabalhar em outra cidade, só tinha o final de semana para satisfazer os caprichos da sua moreninha dengosa.
Pensando hoje, reconheço que esta minha forma de ser, devo exclusivamente a eles, principalmente quanto ao prazer do toque de pele, dos abraços e cafunés, dos beijos e das palavras carinhosas que incansáveis me dirigiam, afinal, até um vigoroso “não pode ou não vai”, vinha acompanhado de um carinhoso, minha querida, minha nega ou meu amor.
Mais tarde, com cerca de 10 anos, fui repassando este meu jeito de conivência com a natureza, através dos encantadores passeios que fiz na companhia de tia Hilda em Guapimirim, quando então, compreendi na prática, que o tudo mais, além de mim, também não só gostava, como necessitava de meus dengos.
Penso então, como mais fácil e harmoniosa seria a convivência humana, se nos relacionamentos de qualquer natureza, uma pitadinha de “dengo”, fosse acrescentada, levando-me a concluir que certamente, estaríamos num real estado evolutivo, sinal evidente de educação e ética comportamental progressista em conformidade com mentes e almas, mais próximas do desejado equilíbrio que convenhamos, tanto tem feito falta nos relacionamentos.
Pessoalmente, adoro dar e receber um dengo, mesmo que vez por outra, possa ser confundido, mas o que me importa?
Afinal, se te dengo com o mesmo carinho e atenção que dengo meus pássaros e meu jardim, exercito e protejo a bendita serenidade que foi se desenvolvendo em minha existência.
Meu dengo de hoje, pra você que me lê, é dizer que lhe amo, imaginando que você é perfumado como as mangas rosas de meu quintal.
Regina Carvalho- 7.2.2025 Itaparica
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