Ouvindo o fantástico guitarrista Carlos Santana as 5.57h, desta segunda-feira que já amanheceu quente e abafada, busco tenazmente, trazer à tona algo que minha mente já definiu, mas a minha consciência viciada nas conveniências, bloqueia insistentemente.
Difícil nesta vida é exercer a bendita liberdade de ser e de sentir, de ter e de querer, no dar e no receber...
Há muito deixei de seguir as regras sistêmicas humanas para tão somente, ouvir as vibrações cósmicas, intuindo-me a deixar as minhas naturalidades desabrocharem suavemente, formando-se assim, margens companheiras que mantém meu curso, mesmo quando, sinuoso, volumoso e revolto, pelas inerentes vertentes que em mim desaguam suas águas afoitas e algumas vezes contaminadas, eu transborde.
Difícil tarefa é filtrar os dejetos que em mim despejam...
Mais difícil ainda é conter minhas águas sofridas, afim de que não vasem aborrecidas em outros, mas nem sempre sou capaz de evitar...
E quando transbordo, sinto um misto de dor e angustia, necessidade e culpa, já que disponho das preciosas margens, guias constantes da minha fluidez.
No momento em que me deixo vasar, perco a minha liberdade e me torno igual ao tudo mais que aprisiona, amargura e remove o brilho.
Fácil identificar os tropeços, difícil mesmo é evita-los, quando se está sozinho numa longo trajeto, tendo como adendos constantes, agressivos afluentes desaguando displicentes nas águas volumosas e translucidas da minha espiritualidade.
Não existe blindagem que não se rompa
Não existe sol que não se nuble
Não existem águas que não se contaminem...
Nada é seguramente, definitivo.
Mas há de existir sempre uma chuva que a tudo irrigue
Uma brisa amorosa que arrepie
Um aroma gostoso que inebrie.
Benditos guias que margeiam o meu rio
Deixando vasar as culpas e os dejetos, resguardando a minha liberdade de apenas, seguir o meu curso...
Nada fácil, as vezes, bem difícil...
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