Estranha Paixão que cultivei desde a minha juventude e que ontem, sem aviso prévio, mas, com determinação, autorizei o meu dedo a simplesmente, desligar a TV.
Sentada no sofá, movi o corpo para a ponta do assento e me dobrei, pousando a testa em meus joelhos em meio a luz mortiça da sala e do silencio absoluto e assim, fiquei por algum tempo que não sei precisar.
Neste amanhecer em que procuro compreender o que ocorreu comigo na noite passada, percebo, confesso assustada que sequer consigo lembrar da música da abertura do show de Roberto Carlos, como se houvesse ocorrido um apagão em minha mente.
Tudo que sou capaz de lembrar com certeza, foi da angustia de estar me despedindo e isso, eu, jamais permitiria de um personagem que embalou meus sonhos de menina e depois, mulher e que naquele momento, simplesmente, decidi que sairia ileso da corrosão do tempo, com o simples movimento do meu querer em deixa-lo, intocável em minhas lembranças.
Sou, mesmo, muito esquisita em me manter fiel, não me permitindo despedir de tudo quanto, tenha renovado as minhas esperanças, mantendo intacto e sem qualquer ínfima mácula, tudo quanto, em algum momento de minha vida, abriu espontaneamente, nem que fosse uma pequena fresta, por onde a alegria de simplesmente estar vivendo, pudesse adentar.
A nostalgia que percebi, logo na abertura do Show comemorativo dos 50 anos da Rede Globo, soou-me como despedida, talvez, não tenha sido, mas eu, não me exporia a tal risco, afinal, como me despedir de lembranças com as quais, “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”?
Regina Carvalho- 21.12.2024 Itaparica.
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